quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Resenha de Disco: Sharon Jones é a Raiz da Música Negra Americana na Atualidade.

Com 55 anos de idade e mais de 20 anos de carreira, Sharon Jones é reconhecida atualmente como uma grande musa da soul music. Seu último trabalho, o quarto disco de estúdio, "I Learned The Hard Way" é um magnífico álbum que mergulha a fundo nas raízes da música negra americana, bebendo da fonte de grandes mestres da soul music, do jazz e r&b. Ao lado da mega banda "The Dap Kings", Sharon brilha com sua voz potente e seu estilo musical sedutor. Enérgica e imponente, soube gravar um disco de qualidade indiscutível, que caiu nas graças do público e da crítica. Sharon ficou famosa recentemente ao emprestar a banda The Dap Kings para Amy Winehouse gravar o disco "Back to Black". Porém, a inconstância e imprevisibilidade de Amy fez com que a banda voltasse a ter somente uma única e cantora nos vocais: Sharon Jones. "I Learned The Hard Way" é disco com claras influências do mestre James Brown, com o estilo dançante e inconfundível da soul music. Os destaques ficam para a faixa de abertura "The Game Gets Old", para a maravilhosa "Give it Back" e "Better Things". Trazendo a música negra dos anos 60 e 70 para a atualidade, Sharon não inova, mas faz a diferença ao resgatar um passado musical tão rico. Nova - iorquina, que não conseguia uma chance no mercado fonográfico, Sharon já chegou a trabalhar como segurança de bancos, até que passou a integrar a banda The Dap Kings e com o estilo musical retrô voltando a cair nas graças do público, a cantora foi consagrada como uma das vozes mais potentes do estilo. Porém, Sharon em momento algum confere uma roupagem Pop para as músicas, sendo seu som cru e visceral. É Soul Music em estado bruto. Para a boa música, não existe tempo, o som, a energia e a qualidade são eternas, e Sharon é a raiz da música negra americana nos dias atuais, que invade o mundo e agrada nossos ouvidos. Sharon não é única, mas reina ao perpetuar as maravilhas do seu estilo musical.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Resenha de Filme: Singelo, "Malu de Bicicleta" Trata o Amor de Forma Real.

Baseado no romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2003, "Malu de Bicicleta" se destaca da nova safra de filmes nacionais. Lançado oficialmente em 2010, dirigido por Flávio Tambellini e com Marcelo Serrado, Fernanda de Freitas e Marjorie Estiano no elenco principal, o filme, assim como as últimas obras do autor citado, trata do amor e do relacionamento traçando um paralelo com a vida de solteiro, regada a conquistas e aventuras rápidas e descompromissadas. Luiz (Marcelo Serrado) vivia como um conquistador. Sua cama era frequentada por inúmeras parceiras, até que em uma visita ao Rio de Janeiro, depois de quase ser esfaqueado por uma mulher abandonada, é atropelado por Malu (Fernanda de Freitas), que passeava de bicicleta. A partir daí, dá-se início a um relacionamento, que depois de certo tempo passa a ser marcado pela desconfiança, ciúmes e sentimento de posse, que impede a felicidade plena do casal, embora as cenas de carinho e desejo entre os dois sejam sublimes e contam com muita sintonia. Malu é livre, moleca, gosta de viver a vida. Já Luiz, mesmo bobo devido a paixão, desacostumado com o compromisso, passa a ter dúvidas sobre a fidelidade de Malu. O filme não chega nem perto dos romances hollywoodianos que apelam para as forças do destino, o acaso ou situações nada verossímeis para que o casal fique junto. Ao contrário, o amor de Luiz e Malu é construído através do desejo que os dois possuem de ficar juntos, de fazer com que o relacionamento dê certo. Já para os momentos finais do filme, o diálogo entre a personagem de Marjorie Estiano e de Marcelo Serrado é um deleite a parte. "Malu de Bicicleta" não chega a ser uma obra-prima, mas é superior a muitos filmes que são lançados hoje em dia e abordam o amor como algo tão banal que fica difícil de engolir. Singelo, o grande mérito do filme é tratar o amor de forma nada fantasiosa, trazendo de modo sublime, um pouco da realidade para o mundo da ficção. "Um dia o amor te atropela".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Resenha de Disco: Criolo Agrega o Rap em Mistura de Ritmos e Esbanja Criatividade.

Seguindo um estilo que ainda atinge a uma minoria no Brasil, Criolo, antigo Criolo Doido e batizado Kléber Gomes, conseguiu a façanha de ser reconhecido como um cantor de Rap talentoso e compositor inspirado, embora já seja veterano nesse segmento. Paulistano, seu Hip Hop que foge do convencional pode dar visibilidade a outros cantores do gênero, como Emicida. Criolo foi consagrado no VMB 2011, premiação da MTV, onde fez excepcional dueto com Caetano Veloso cantando "Não Existe Amor em SP", música que já virou um hino para os amantes do gênero, tornando-se um hit e atingindo a todas as classes. Criolo usa o seu Hip Hop e seu talento de compositor para revelar grandes problemas sociais (o que não chega a ser novidade para o Rap) e um pouco de autobiogafia, salientando as dificuldades de ser um cantor independente e exaltando a solidão pessoal existente em cada um na principal cidade Brasileira. Porém, Criolo não se prende apenas ao estilo musical citado para rechear "Nó Na Orelha", disco lançado esse ano de forma independente e que já caiu nas graças da crítica e do público, contando com produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral. A primeira faixa do disco, a excelente "Bogotá", é uma mistura de afrobeat com instrumentos de sopro, resultando em uma das melhores do disco. A partir daí, Criolo abre um leque de variações musicais, usando do Soul, Samba, Reggae e muito da MPB atual para expor suas idéias. "Linha de Frente" é talvez a mais inspirada, onde o cantor usa personagens da Turma da Mônica, de Maurício de Souza, para falar de politica e de problemas atuais. Criolo, fugindo do convencional, nos presenteia com um grande disco, agregando o Rap em uma mistura de ritmos fora do comum, ele esbanja criatividade e merece toda a recepção positiva que está recebendo, mostrando que em um país cultural como o Brasil, seja no rap ou no samba, o que vale é ser criativo, inteligente, ter bom gosto e talento.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Resenha de Disco: Cee Lo Green Reproduz a "Motown" em Disco Perfeito.

Cee Lo Green é a outra parte do Gnarls Barkley, que em 2006, juntamente com o seu companheiro artístico Danger Mouse, foi alçado à fama com o single "Crazy", tocado e cantado repetidamente pelo mundo todo. Porém, no ano de 2010, foi lançado seu terceiro disco solo, distruibuído no Brasil pela Warner Music, intitulado "The Lady Killer", e o resultado não poderia ser melhor: um disco enérgico e maravilhosamente sedutor. Cee Lo Green nos leva de volta ao tempo da Motown, gravadora americana de discos que lançou grandes ídolos da black music, como Jackson's 5, Marvin Gaye, Diana Ross e The Temptations. Naquela época a black music era abrangente, envolvendo estilos como jazz e soul, abusando de coreografias, vestimentas e penteados característicos dessa grande época para a música como um todo. Foi conhecida também como a primeira gravadora que mergulhou em temas político-sociais e encorajava seus artistas também a seguir essa vertente. Usando sua potente voz e batidas eletrizantes, Cee Lo Green cria um dos melhores discos internacionais do já citado ano. O primeiro single foi "Fuck You", que já concorreu a Grammys, sendo uma música dançante e cujo clipe traduz o título do álbum, mostrando um Cee Lo Green na infância e adolescência, sendo desprezado por grandes paixões, até sua vida adulta, no auge da fama e sucesso. O álbum é uma mistura de Soul Music com altas doses de eletrônica, abusando dos corais Gospel que fazem toda uma diferença na composição final da música, nos remetendo ainda mais aos tempos da Motown. "Wildflower", "Satisfied" e "I Want You" são os grandes e maravilhosos destaques do disco. Usando o brilho da Motown e trazendo toda essa grandiosa experiência musical para os dias de hoje, Cee Lo Green é dono de um disco perfeito.