terça-feira, 5 de abril de 2016

Resenha de Disco: Em "Tropix", Céu mistura MPB com pop eletrônico e reafirma sua versatilidade.


Uma mistura de MPB com pop eletrônico permeia "Tropix", quarto álbum de inéditas da cantora Céu. Sucessor do excelente "Caravana Sereia Bloom", esse lançamento pouco se parece com os discos anteriores, mantendo a inovação e renovação como marca registrada da artista. Céu assina, sozinha ou em parceria, 10 das 12 faixas e é responsável pela coprodução do trabalho, que abusa de teclados e sintetizadores, como na irresistível "Perfume do Invisível", escolhida para primeiro single e que abre o disco. A produção ficou a cargo do baterista Pupillo (Nação Zumbi) e do tecladista francês Hervé Salters. A cantora Tulipa Ruiz participa de forma tímida em "Etílica/Interlúdio", música imersa em ambiente psicodélico. Há um clima lúdico no álbum, principalmente em Varanda Suspensa, onde Céu descreve a vista da casa de seu avô em São Sebastião, no litoral paulista. Já "A Menina e o Monstro" foi inspirada em sua filha Rosa Morena, de 7 anos, tendo como base "Onde Vivem os Monstros", livro de Maurice Sendak que foi adaptado ao cinema por Spike Jonze. "A Nave Vai", composta por Jorge Du Peixe, é talvez a canção mais acessível do disco, onde em seus versos expõe que "de manhã sou um, de noite já fui dois". Certamente tem muito de Céu, que assume várias caras em cada um de seus discos, com obras diversificadas e que jamais pode ser acusada de "cair na mesmice". Causando certo furor musical com seu disco de estreia "Céu" em 2005, passeando pelo reggae dois anos depois em "Vagarosa" e misturando brega e indie-rock em 2012 em "Caravana Sereia Bloom", somente uma cantora competente poderia se reinventar tanto. E, dessa vez, "Tropix" vem para reafirmar a importância de Céu no atual cenário musical brasileiro.

Escrito por André Ciribeli.