quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retrospectiva de um Ano Culturalmente Rico.


É muito bom começar um ano e fecha-lo com coisas boas. Felizmente, 2012 foi assim. Nos primeiros meses tivemos o lançamento do maravilhoso disco de Céu, “Caravana Sereia Bloom”, e a chegada aos cinemas nacionais de um dos melhores filmes do ano, “O Artista”, que levou para casa o Oscar e meia dúzia de outras premiações das quais participou. Também tivemos o lançamento de “Segunda Pele”, disco em que Roberta Sá mergulha sua MPB no universo POP. Sem contar os lançamentos de Cris Braun, Caê Rolfsen, a grande Maria Bethânia e tantos outros discos, filmes e livros que encheram nosso ano de conteúdo. “50 Tons de Cinza” foi, sem dúvida, o livro mais comentado do ano, que caiu no gosto popular, embora a crítica especializada não o considere uma obra-prima. Tivemos a surpresa com a mega produção de “Jogos Vorazes”, filme que conseguiu ser não somente bem produzido, mas inteligente e crítico. Terminamos 2012 aqui no Esfinge Cultural com aproximadamente 80 resenhas escritas sobre os mais diversos tipos de expressão artística, sem aquela preocupação em falar somente do que é novo: reviramos baús, (re)descobrimos antigos clássicos, como Os Doces Bárbaros, que continuam mais atuais do que nunca, assim como os livros “Leite Derramado” e “A Sombra do Vento”. Ludimila Marinho participou do nosso blog e, mesmo que por pouco tempo, brilhou ao falar de Frida Kahlo, Nelson Rodrigues, Marcelo Jeneci, entre outros. Para finalizar o ano (e fecha-lo com chave de ouro), recebemos mais presentes para nossas almas, como o recém-lançado disco “Tudo Esclarecido”, de Zélia Duncan, todo composto de canções de Itamar Assumpção e também o “Mulheres de Péricles”, álbum especialmente dedicado às composições de Péricles Cavalcanti, que são lindamente interpretadas pelas jovens vozes femininas da MPB. Esses dois últimos discos ainda não chegaram a ser resenhados aqui no blog (não deu tempo, quem sabe a gente abre 2013 falando deles?). Mas, depois dessa retrospectiva de um ano muito bom culturalmente, o que esperamos para 2013? Mais doze meses de muita música, livros, filmes e todo o tipo de arte e entretenimento que nos leva a escrever esses textos apaixonados, semana após semana, por que aqui no Esfinge Cultural a gente fala do que gosta. Feliz ano novo.

Por Rafael Tavares e André Ciribeli.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Resenha de Filme: O Realismo de "Contágio" Funciona e Suscita Importantes Discussões.

Contágio, um thriller psicológico dirigido por Steven Soderbergh (da trilogia Onze Homes e um Segredo) traz a tona temas comuns a ficção científica e teorias de conspiração. Nas mãos de outro diretor, ele poderia ter se transformado em um filme B (filme hollywoodiano de terror ou suspense com baixo orçamento e qualidade duvidável); mas Soderbergh dá a ele um tom realista e sério, levantando questões importantes para toda a sociedade, embora ela não esteja disposta ou verdadeiramente atenta à elas. Contágio começa com um pequeno grupo de pessoas, aparentemente sem conexão entre si, que desenvolvem gradativamente sintomas parecidos e que subitamente leva todos a morte. A partir daí, mais e mais pessoas são contaminadas e essa (possível) epidemia assusta as autoridades e põe em alerta um jovem repórter (interpretado por Jude Law), que ultrapassa os limites da conduta jornalística em sua investigação sobre a doença. Nesse contexto, Sorderbergh opta por mostrar a situação através de diferentes olhares, seja através dos médicos e autoridades de pequeno e grande escalão, por vítimas da doença e também por seus parentes, dando ao espectador as visões macro e micro da situação. Ao não optar por um ponto de vista, o diretor não toma partido e joga essa dura responsabilidade para o espectador, que é obrigado a questionar-se durante toda a projeção com questões que até então não paramos para analisar e que, de certa forma, precisam ser pensadas. “O que fazer caso uma epidemia seja identificada, contar abertamente à população ou manter sigilo em nome da ordem?”; “Em um caso como esse, pode uma autoridade privilegiar sua família ou deixa-la na mesma situação que outros cidadãos?”, “Se uma cura for encontrada, quem (e qual país) receberá primeiro?”. Essas e outras questões são propostas e muito se deve ao grande (e talentosíssimo) elenco escolhido por Soderbergh para dar vida a esses personagens. Sem deixar respostas, Contágio nos coloca de frente com uma realidade que está aí fora e que, voluntariamente, não nos damos conta. Os vírus estão aí. E para que nossa existência seja colocada em cheque basta que, aleatoriamente, um vírus encontre um hospedeiro e sofra uma mutação que seja letal a nossa espécie. E como agiremos? Preservaremos nosso conceito de sociedade ordenada ou partiremos para barbárie, para o “cada um por si”? É algo a se pensar e é essa a batata quente que Contágio deixa em nossos braços.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ellen Oléria é a Vencedora da Primeira Edição do The Voice Brasil.

A brasiliense Ellen Oléria foi a grande vencedora da primeira edição do The Voice Brasil, cuja final aconteceu no último domingo, faturando um prêmio de 500 mil reais, um contrato com a gravadora Universal Music e ainda se apresentará no Reveillón de Copacabana. Fazendo uma análise de toda a trajetória do programa, podemos concluir que ele se destaca das demais atrações caçadoras de talentos musicais, a começar pelo seu grande diferencial, quando o candidato não é visto pelos técnicos (Lulu Santos, Carlinhos Brown, Cláudia Leitte e Daniel), cabendo a esses o escolher apenas pela sua voz. Excelentes artistas pisaram no palco da atração, como Mira Callado, Rafah, Sandra Honda e Diego Azevedo que, infelizmente, não foram muito adiante na competição. Porém, o que mais me incomodou foi a predileção dos técnicos por certos candidatos. Algumas apresentações pouco importavam, a escolha muitas vezes eram óbvias, pois quem acompanhou o The Voice desde o início, dificilmente se surpreendeu com as decisões. Igualmente incômodo foi o fato de que agudos e graves altíssimos eram necessários para alavancar o candidato na preferência não só do público como também dos técnicos. A sutileza, a suavidade e delicadeza muitas vezes davam lugar para gritos e firulas que me faziam perguntar "pra quê?". Na final ficaram quatro cantoras donas de grandes e poderosas vozes. Maria Christina, do time de Lulu Santos, que possui grande apelo popular, mas cantava sempre músicas com a mesma temática, porém sua versão de "A Namorada" de Carlinhos Brown foi para mim sua melhor apresentação. Liah Soares, do time do Daniel, que geralmente se apresentava de forma acústica, o que fazia com que às vezes acertasse, outras soasse tediosa. Ju Moraes, do time de Cláudia Leitte, belíssima, comedida e correta poderia facilmente integrar o time das novas cantoras de MPB e samba e a grande vencedora, Ellen Oléria, do time de Carlinhos Brown, dona de enorme potência vocal, grande presença de palco e uma musicalidade invejável. Se não concordei com algumas escolhas, também não posso taxá-las de totalmente erradas. O fato de não ganhar um adolescente cantor sertanejo já é uma vantagem considerável. Com isso, The Voice Brasil é um dos melhores programas do gênero e merece mais edições.

Por André Ciribeli com colaboração de Marília de Paula.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Brasil Comemora o Centenário do Rei do Baião.

O Rei do Baião completaria 100 anos na última quinta-feira, dia 13 e o que não faltam são homenagens ao grande cantor e sanfoneiro. Nascido Luíz Gonzaga do Nascimento e popularmente conhecido como Gonzagão, teve como "Vira e Mexe" o seu primeiro grande sucesso. O Pernambucano foi o primeiro a assumir as características nordestinas em sua música, dando voz aos problemas do povo da região, sempre acompanhado de sua sanfona e seu chapéu de couro, espalhando a poesia do nordeste, suas cores, seus conflitos, usando sua música para dar visibilidade a um povo que até então era marginalizado culturalmente. A vida pessoal de Gonzagão foi marcada por grandes desentendimentos com seu filho, o também grandioso Gonzaguinha e somente em 1979 passaram a ter realmente uma relação de pai e filho, quando viajaram por todo o Brasil compondo e fazendo música. Luiz Gonzaga, que sofreu de osteoporose durante anos, morreu em 1989, vítima de parada cardiorrespiratória, mas deixou um enorme legado musical como herança. "Asa Branca", feita em parceria com Humberto Teixeira, virou um hino do povo nordestino e músicas como "O Xote das Meninas", "Qui Nem Jiló" e "Luar do Sertão" jamais serão esquecidas, sendo inúmeras vezes regravadas por diversos artistas. Gonzagão ainda está vivo na memória do povo brasileiro.

Por André Ciribeli.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Morre Um dos Maiores Músicos Indianos e Norah Jones, Sua Filha, Cancela Turnê Brasileira.

Morreu, na última quarta-feira, aos 92 anos, Ravi Shankar, um dos maiores músicos indianos e mestre da cítara (instrumento típico indiano), após ter realizado uma cirurgia que pretendia melhorar seu estado de saúde já debilitado. Shankar, embora não muito conhecido no Brasil, influenciou gerações de músicos ao redordo mundo, incluindo os Beatles e Rolling Stones e nunca parou de produzir, tendo lançado recentemente um disco elogiado pela crítica especializada. Em nosso país, talvez ele seja mais conhecido por ser pai da cantora, compositora e multi-instrumentista Norah Jones, que iniciaria, ainda na quarta-feira em Porto Alegre, a turnê brasileira de seu último disco, "Little Broken Hearts", e que passaria também por São Paulo e Rio de Janeiro. Em nota, divulgada em sua página no Facebook, Norah diz que tomou "a difícil decisão de cancelar o resto de minha turnê no Brasil, para que assim possa estar com a minha família neste momento tão difícil". E completou: "Todos sentiremos a falta de meu pai. Espero que meus fãs brasileiros entendam e aceitem minhas sinceras desculpas por esses cancelamentos. Espero que eu possa voltar ao Brasil em breve." De acordo com reportagem da Folha, Norah Jones não tinha uma relação próxima com o pai, já que foi criada somente pela mãe, nos Estados Unidos, enquanto o pai vivia na Índia.

Por Rafael Tavares.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Resenha de Filme: "Eu Não Quero Voltar Sozinho" é um Curta-Metragem de Extrema Sensibilidade.

Sensível, cativante e ao mesmo tempo inteligente e atual, assim é o curta-metragem "Eu Não Quero Voltar Sozinho", do diretor Daniel Ribeiro, que já foi premiado no Festival de Berlim com o também excelente "Café com Leite". O curta narra a história de Leonardo (Guilherme Lobo), um adolescente com deficiência visual que está sempre ao lado de sua amiga Giovana (Tess Amorim), que lhe ajuda no que é necessário. A rotina dos dois muda com a chegada de Gabriel (Fábio Audi), aluno novo da escola com quem rapidamente fazem amizade. Assim, o filme nos envolve em uma relação de sensibilidade, proteção, amizade e a descoberta do amor entre dois adolescentes gays. Por mais que seja uma temática difícil, o filme consegue ser leve, trabalhando em cima da humaninade de seus persongens, de uma forma inocente e encantadora, daqueles filmes que te deixa feliz, mas pensativo. O curta fez parte do programa Cine Educação, que exibia filmes nas escolas com o intuito de instruir e conscientizar, mas foi proibido no Estado do Acre por líderes religiosos que pressionaram políticos da região para tal. O que é uma pena, pois o filme em momento algum se revela apelativo, ao contrário, podemos aprender muito em como um tema tão polêmico pode ser tratado de forma simples e conceitual. O curta, que está disponível na internet e recebeu inúmeros prêmios, tanto nacionais como internacionais, trata de um assunto tão comentado ultimamente, mas sem apelação ou sensacionalismo, mas com inteligência e simplicidade. 

Resenha escrita por André Ciribeli.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Resenha de Disco: "A Tribute to Caetano Veloso" Vence Riscos Comuns a Discos de Homenagens e Reverencia Caetano Sem Ser Piegas.

Há certo perigo em se fazer um disco tributo ou greatest hits. Pode-se pecar pela falta ou pela obviedade, pode ser simplório ou nem de longe oferecer um panorama justo sobre a obra do artista. Agora, imagina se esse artista for um daqueles que atuaram como divisor de águas inúmeras vezes e que, com 70 anos de idade ainda produza obras relevantes. É o caso de "A Tribute to Caetano Veloso", um disco-bomba-relógio que, ainda bem, contornam os perigos do caminho citados acima e faz uma bela homenagem, sem ser piegas, a um dos nomes mais emblemáticos da música brasileira. Lançado para comemorar os 70 anos completados em 2012 por Caetano, o tributo está longe de ser um simples greatest hits, que na maioria das vezes soa como disco-caça-níquel e que, nem de longe, reverenciam o homenageado. E o álbum começa acertando por aí. Amontar grandes clássicos de Caetano Veloso em um disco seria o caminho fácil para homenageá-lo e não seria a homenagem ideal para um artista que é conhecido por se reinventar e por reverenciar pouco o passado. Caetano, no alto de suas sete décadas, ainda produz, compõe e lança discos (acaba de lançar "Abraçaço" com a banda Cê e compor um disco inteiro para Gal cantar). No final das contas, um simples greatest hits, no caso de Caetano, seria um insulto. Outro acerto da compilação é valorizar o Caetano compositor, colocando novos nomes da música brasileira e internacional para interpretar suas canções: isso mostra a importância dele para o mercado, já que a cada dez músicos brasileiros, ao menos nove ouviram Caetano em sua formação. Colocar essa nova MPB pra cantar prova, ainda, que as músicas de Caetano nunca deixaram de ser atuais e pertinentes. Coisa de artista de qualidade: nunca morrem nem perdem a validade. Claro que, para completar a beleza do disco, vale ressaltar que, sem o talento desses jovens músicos, ele não teria dado certo. A versão para "Eclipse Oculto" de Céu é uma delícia de ouvir, Momo esbanja sentimento em "Alguém Cantando", além das versões de The Magic Number e Tulipa Ruiz, pra não prolongar demais. Na minha humilde opinião, Caetano deve ter ficado feliz com o tributo, pois longe de ser tratado como relíquia da música, preso dentro de um vidro para uma simples admiração. Longe disso, suas músicas são mudadas, reinventadas e experimentadas. Como deve ser e como ele mesmo o faz.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Será Que Existe Qualidade na TV Aberta Domingo a Noite?

É de conhecimento geral a insatisfação com toda a programação domincal na TV aberta brasileira. Os típicos programas de domingo são alvo de críticas e piadas nas redes sociais e poucos tem coragem de assumir que gostam de acompanhar as repetitivas pegadinhas do Faustão. Talvez esses programas sejam mais odiados do que o próprio domingo. Mas, se pararmos pra pensar, será que existe algum conteúdo de qualidade na programação aberta nacional no dia da preguiça? Primeiramente, preciso deixar claro que não tenho nada contra tais programas, nem contra seus respectivos apresentadores e respectivas emissoras. Vez ou outra, perco tempo assistindo Faustão, Fantástico e até alguma besteira (menos incômoda) do Pânico. Não há nada de errado nisso e o que aqui escrevo é apenas a minha opinião. Quem possui antena parabólica (nas terras mineiras, de onde escrevo, a utilização da parabólica é quase obrigatória, devido ao nosso relevo montanhoso) tem acesso a diferentes canais que, no dia mais ingrato da semana, transmitem conteúdo interessante e diferenciado, basta procurar. O Canal Futura, por exemplo, transmite a partir das 21h o programa "Cine Conhecimento", onde a cada semana um filme é apresentado e discutido pela apresentadora Lorena Calábria. Recentemente, o programa fez uma incursão na filmografia de Ingmar Bergman, um dos maiores nomes do cinema mundial. Anteriormente, Werner Herzog ocupou o espaço com suas produções. Às 22:30h, na TV Brasil, começa o "Soy Loco Por Ti Cinema", horário dedicado ao cinema latino-americano. É uma boa oportunidade para nós, brasileiros, conhecermos um pouco mais sobre nossos vizinhos (embora o Brasil seja sempre um exemplo para os países vizinhos, esses mesmos países são verdadeiros desconhecidos dentro do Brasil). Domingo a noite é aquele momento em que nós, trabalhadores, sentimos a dor da segunda-feira chegando. O cenário fica pior se tivermos que assistir a dura programação noturna da TV abera. Ainda bem que existem boas opções que podem deixar o domingo um poco mais suportável.

Por Rafael Tavares.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Caetano Veloso Leva o Prêmio de Personalidade do Ano no Grammy Latino.

Na última quinta-feira, dia 15, aconteceu uma das maiores premiações da música latina, o Grammy Latino. Os irmãos mexicanos Jessie e Joy saíram do evento com quatro fonógrafos dourados e foram os mais premiados da noite. A participação brasileira, sempre mais discreta, saiu da premiação com um prêmio importante, o título de personalidade do ano foi para Caetano Veloso, que recebeu a homenagem das mãos de Sônia Braga. Além disso, seu disco em parceria com Gilberto Gil e Ivete Sangalo foi eleito o melhor disco de MPB do ano. Vale lembrar que, embora seja menor em suas participações, a música brasileira possui categorias específicas na competição, nas quais somente músicos brasileiros concorrem.

Por Rafael Tavares.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Resenha de Disco: Com "Tempo de Menino", Pedro Luís Mostra Toda Sua Diversidade Musical.

O carioca Pedro Luís, que está a frente da banda "Pedro Luís e A Parede", além de ser um dos fundadores do grupo Monobloco é cantor e compositor que finalmente arrisca seu primeiro voo solo, com o multifacetado "Tempo de Menino", álbum que passeia por diversos gêneros e estilos musicais. O disco foi criado sem pressão de gravadora ou prazo de entrega estabelecido, levando cerca de quinze meses para ser concluído. Pedro Luís  é dono de uma longa carreira, já tendo passado por bandas de punk rock, de pop dançante e até mesmo realizando carnaval durante todo o ano com o Monobloco. Mesmo sendo um disco solo, "Tempo de Menino" conta com a participação de diversos músicos, inclusive os da banda "A Parede", criando um trabalho de grande diversidade sonora, típico de um cantor que gosta de estar sempre se reinventando e criando novas misturas musicais. Por fugir um pouco do tom percussivo que marca outros trabalhos do cantor, o álbum agrega características próprias de um trabalho solo. Milton Nascimento participa da belíssima "Embora", com toques de MPB e lindos arranjos. "Nas Estrelas" é música que começa em tom de capoeira, mesclada com uma pegada mais reggae. Já "Crise" e "Bela Fera" são grandes destaques, sendo a última tema de abertura da série "As Cariocas" exibida pela Rede Globo. "Lusa" é uma canção portuguesa que começou a ser escrita em Lisboa e "Rio Moderno" exalta a diversidade do Rio de Janeiro. Pedro Luís divide os vocais com Erasmo Carlos no samba funk "Tempo de Menino" e com Roberta Sá em "Os Beijos". Com isso, "Tempo de Menino" consegue se apresentar como um excelente trabalho que, além de conceituar a diversidade musical de Pedro Luís, exalta toda sua competência artística.

Resenha escrita por André Ciribeli.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Resenha de Filme: Em "Para Roma com Amor", o Ruim de Woody Allen Consegue Ser Melhor que a Vasta Maioria.

Todo mundo sabe que Woody Allen tem um transtorno obsessivo-compulsivo e que ele se manifesta justamente na sua extensa filmografia, lançando um título por ano. Basicamente, o diretor nova-iorquino acaba uma produção e já está envolvido em outra (quando não escreve uma, enquanto dirige a segunda e finaliza a terceira). É de conhecimento geral, também, que quantidade não é sinônimo de qualidade, e se tem uma coisa que é comum na obra de Woody Allen é essa variação entre filmes maravilhosos, bons e outros não tão bons assim. "Para Roma com Amor", seu filme mais recente que teve a Cidade Eterna como cenário, é um desses exemplos de filmes não tão bons assim, talvez pelo fato de "Meia Noite em Paris" ter sido simplesmente o filme mais empolgante do ano passado e um dos melhores de Woody em tempos. Mesmo assim, "Para Roma com Amor" tem a assinatura do diretor, seus temas preferidos e aquele seu típico humor rabugento (é sempre divertido ver Woody Allen interpretar Woody Allen). Intercalando quatro histórias diferentes que acontecem em Roma, o diretor cria um caleidoscópio da sua visão da cidade, dos moradores e dos turistas. Isso pode não ter agradado os italianos, que viram em "Para Roma com Amor" os velhos clichês da sociedade italiana. Mas, Woody nunca prometeu um filme italiano, seria a visão dele sobre a Itália. No frigir dos ovos, falta consistência? Sim (não chega nem perto do charme de "Meia Noite em Paris"), mas um filme fraco de Woody Allen consegue ser melhor do que a grande maioria do que é produzido. Até quando é ruim, é bom.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Novas Cantoras Mantêm Viva a Alma da Soul Music.

As novas cantoras da soul music, querem fazer sucesso, buscando seu lugar ao sol. Mas, não sob qualquer pretexto. Donas de vozes poderosas, cada uma possui sua particularidade, embora haja sempre semelhanças que as une, falando aqui das cantoras estrangeiras. Bebendo da fonte dos Jackson 5, Marvin Gaye, Diana Ross, Aretha Franklin, Etta James, entre outros, as novas divas da soul music dispensam as letras banais para serem mais politizadas, mas não de uma forma politicamente correta, cantando os dilemas e problemas do cotidiano, o sexo e a dor de amor de forma intensa e emocional. Macy Gray, Jill Scott, May J. Blige, a incrível Sharon Jones, Alicia Keys e Lauryn Hill são grandes exemplos de artistas que já possuem uma boa bagagem musical e transitam nesse gênero. Não se pode dizer que é feito música como antigamente. Ela vem com uma nova roupagem, misturando o soul, o jazz e o R&B em uma embalagem pop, como pede o mercado atual. Mas, isso não é nenhum problema. Belíssimas músicas, excelentes letras e composições podem ser encontradas no mercado fonográfico atual. Acredito que Amy Winehouse seja a grande responsável por perpetuar o gênero no mundo musical contemporâneo. Sua voz marcante, sua enorme presença de palco, seu figurino característico, suas músicas sarcásticas e diferenciadas a fizeram se tornar um verdadeiro fenômeno, sendo o seu disco "Back to Black" já considerado um clássico. De olho nesse novo público, as gravadoras fizeram emergir uma vasta gama de novas cantoras que pegaram emprestado esse mesmo estilo. Há a inglesa Duffy, com visual comportado, bonitinha e dona de uma voz incomum, que alcançou grande sucesso com seu disco de estreia, mas não teve a mesma sorte com o segundo e já não se ouve mais falar dela. Adele é outro fenômeno, tanto de vendas como de público e crítica. Seu primeiro disco não foi o estouro que o segundo, "21" causou, figurando nas principais listas de mais vendidos por meses e fazendo de Adele uma das artistas mais rentáveis da atualidade. E com toda a razão, pois Adele tem grande potencial vocal e suas canções são verdadeiras e legítimas interpretações musicais. A cantora e compositora escosesa Emeli Sandé, com sua voz poderosa e melodias intimistas já é considerada um verdadeiro sucesso no Reino Unido. Outras cantoras menos conhecidas no Brasil como Rox e Rebecca Ferguson são maravilhosas artistas que contribuem para que a soul music continue viva. Assim, para os amantes do estilo, excelentes representantes mantêm viva a chama da soul music, do jazz e da boa música.

Por André Ciribeli.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Diagnosticada com Angiodema, Cat Power Pode Cancelar Turnê Europeia.

Cat Power, pseudônimo de Chan Marshal, anunciou em seu Instagram que pode cancelar, nos próximos dias, sua turnê europeia por ter sido diagnosticada com angiodema, um inchaço, similar a urticária, que ocorre sob a pele e pode ser causado por uma reação alérgica. A turnê de Cat Power seria para divulgar seu mais recente disco, "Sun", lançado em setembro. No comunicado, Chan afirmou estar de coração partido. "“Eu trabalhei tão duro. Fiquei doente um dia depois de Sun (disco mais recente da cantora, de setembro de 2012) ter sido lançado, e estou lutando para manter todos os pontos em equilíbrio. Minha mente, meu espírito, a saúde de meu corpo. Estou fazendo o melhor que posso. Eu amo este planeta e me recuso a desistir, mas talvez seja necessário mudar algumas estratégias para zelar por minha saúde e segurança". Esperamos que Cat Power melhore logo e que, o mais breve possível, possa continuar sua turnê, apresentando seus grandes sucessos e as canções de seu novo disco.

Por Rafael Tavares.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Resenha de Disco: "Praianos", Disco de Fernanda Cabral, Faz Jus ao Nome e Tem Clima Leve de Litoral.

O balanço do mar. A maresia, a jangada, os pescadores. Tudo isso, de alguma forma, está presente no disco "Praianos", de Fernanda Cabral. O litoral brasileiro está em cada letra e som, mas não o litoral agitado das grandes capitais litorâneas, mas sim aqueles que banham cidades pequenas, praticamente inabitadas, de gente tranquila, onde o tempo parece passar mais devagar, fazendo charme. A voz doce de Fernanda embala as 15 faixas do disco como o movimento do mar embala os barcos que se perdem no horizonte. Como o tempo de cidades pequenas, "Praianos" é um disco sem pressa, simples, de pé no chão. O mais interessante é saber que Fernanda Cabral nasceu longe do mar, em Brasília. Apesar de ser seu primeiro disco autoral, a cantora já cruzou oceanos e se apresentou pela Europa e no Japão, participando de festivais e tocando na "Blue Note", de Tóquio. Do total de 15 faixas, destacam-se a bela canção que dá título ao álbum, "Horizontes", "Monteiro Lobato" e "Baião de Nós". Em "Praianos", Fernanda Cabral mostra que a boa música popular brasileira está viva e atuante.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A História do Rei do Baião Chega Sexta-Feira, Dia 26 de Outubro, aos Cinemas de Todo o País.

Estreia sexta-feira, em circuito nacional, o filme que narra a dura (e cinematrográfica) trajetória de um dos maiores nomes da música brasileira, Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião". Dirigido por Breno Silveira, diretor por trás de "À Beira do Abismo" e "Dois Filhos de Francisco", um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional, que levou para a tela grande a história da dupla Zezé di Camargo e Luciano. O ponto de partida de "Gonzaga - De Pai Para Filho" é um "acerto de contas" entre Luiz Gonzaga e seu filho, o também músico Gonzaguinha, outro grande nome e um dos principais compositores da nossa MPB. O filme abriu o "Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro" e saiu aclamado pelo crítica e pelo público. Não é a primeira vez que Breno Silveira apresenta uma cinebiografia contada através da relação entre pais e filhos. "Dois Filhos de Francisco" narra a vida e o sucesso da dupla Zezé di Camargo e Luciano através dos esforços de seu pai, o Francisco do título, interpretado por Ângelo Antônio, para alçá-los ao sucesso. Agora, "Gonzaga - De Pai Para Filho" promete repetir o sucesso de "Dois Filhos de Francisco" e já é considerado um dos maiores lançamentos nacionais de 2012. Uma boa pedida para os amantes do cinema e da música brasileira.

Por Rafael Tavares.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Resenha de Disco: Com "Memoirs", Rox Faz o Retrô Soar Cada Vez Mais Contemporâneo.

Roxanne Tataei, mais conhecida como Rox, é uma cantora filha de mãe jamaicana e pai iraniano, criada em Londres, que hoje é considerado praticamente um reduto de novas cantoras de Soul Music. Rox tem Sade e Lauryn Hill como referência, e realmente costuma ser comparada a elas, bem como a outras cantoras como Alicia Keys, mas é artista que rejeita rótulos, pois tem seu jeito único de fazer música, com sua voz límpida e um forte sotaque britânico, tendo sido festejada pela crítica com o lançamento de seu primeiro álbum, "Memoirs", em 2010, cuja música "My Baby Left Me" fez relativo sucesso no Reino Unido. O disco passeia pela antiga Motown em "No Going Back" (na minha opinião, a melhor do disco), pelo blues, soul e ainda arrisca uma pegada mais reggae em "Breakfest in Bed", ainda que grande parte das músicas nos remeta ao universo de Amy Winehouse e as cantoras que beberam dessa fonte. Rox já excursionou pelo Brasil, tendo feito shows no último Summer Soul Festival, marcado por sensualidade e grande presença de palco. Porém, do Festival, Rox era uma das menos conhecidas, já que ao seu lado estavam nomes como Florence and The Machine, Bruno Mars e Dionne Bromfield, famosa por ser a "afilhada" de Amy Winehouse. "Oh My" e "Forever Always Wishing" são outros grandes destaques do seu disco de estreia, pontuado por grandes pérolas, que além de fazer o retrô soar contemporâneo, nos deixa ansiosos por novos lançamentos dessa que é, sem sombra de dúvida, uma grande cantora.

Resenha escrita por André Ciribeli.

domingo, 21 de outubro de 2012

Resenha de Livro: A Metalinguagem Mágica de "A Sombra do Vento".

Lendo "A Sombra do Vento", do espanhol Carlos Ruiz Zafón, fiz uma grande descoberta (pelo menos para mim), para amantes de literatura, ler livros que falam sobre livros é tarefa mais divertida do que o ato de ler naturalmente já é. Lançado em 2001, o livro ambienta-se na Barcelona de 1945 e começa quando Daniel Sempere, com 11 anos, é levado por seu pai a um misterioso local no coração da cidade, "O Cemitério de Livros Esquecidos".Nas suas infinitas galerias, Daniel encontra um livro obscuro de Julian Carax, chamado "A Sombra do Vento", que traz, dentro de suas páginas, uma nuvem de mistérios, a começar pelo fato de que uma estranha criatura, saída dos livros de Carax, deseja destruir todos os exemplares da obra de seu criador. Misturando suspense, realismo fantástico em bases de romance histórico, Zafón cria uma atmosfera digna dos grandes clássicos do horror tendo como pano de fundo o período em que a Espanha esteve sob as forças do General Franco. Nesse contexto, um dos grandes méritos de Zafón é criar uma obra densa e ao mesmo tempo deliciosa e instigante. Ao colocar um livro, e assim toda a literatura, como o centro de sua obra, o autor presta uma grande homenagem à arte de contar histórias. "A Sombra do Vento" ainda encanta pela prosa e riqueza de detalhes do período, incluindo citações de personagens e situações reais para dar ainda mais dimensão ao período retratado. Se você é amante de livros, vai se apaixonar por essa narrativa histórica sobre amor, amadurecimento e, principalmente, sobre a magia dos livros.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Para a Rolling Stone Brasil, Tim Maia e Elis Regina São as Maiores Vozes Brasileiras.

Para a sua edição de outubro, a Revista Rolling Stone fez uma lista com as 100 mais importantes vozes da música brasileira. Nela estão nomes "históricos" como Milton Nascimento, Gal Costa, Maria Bethânia e também artistas mais recentes, como Tulipa Ruiz e Céu. Mas, para os colaboradores da revista que idealizaram a lista, os primeiros lugares ficam com Tim Maia e Elis Regina. Tim é até hoje o principal  nome da Soul Music nacional. Já Elis, que atualmente é homenageada na turnê de sua filha Maria Rita, que canta sucessos de sua mãe, sempre foi considerada a maior intérprete de nosso país. Portanto, não há novidade nem surpresa na lista. O interessante, e que poderá ser visto na revista que chega às bancas, são os textos que definem os listados, escritos por outros grandes nomes da MPB.

Por Rafael Tavares.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Adele Lança "Skyfall", Trilha do Novo Filme do Agente 007.

A cantora Adele foi a escolhida para interpretar a canção-tema do novo filme de James Bond, "Skyfall". A música, de mesmo nome, já foi lançada na internet e fará parte da abertura do filme, como já é de costume. Já é costume da série chamar grandes nomes da música internacional para cantarem a trilha das aventuras de James Bond, todas elas apresentadas nas já clássicas aberturas dos filmes. Já tiveram o privilégio Alicia Keys e Jack White, Madonna, Paul McCartney, Nancy Sinatra, Louis Armstrong. A série 007 é a mais longeva da história do cinema. O primeiro filme "007 Contra o Satânico Dr. No" chegou aos cinemas em 1962. Desde então, o agente secreto britânico já foi interpretado por seis atores. Em 2012, Daniel Craig dá vida a James Bond pela terceira vez no longa "Skyfall", que estreia no Brasil em 26 de outubro. Na internet, a música já se encontra disponível.

Por Rafael Tavares.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Christina Aguilera Se Prepara Para Lançar "Lótus", Seu Próximo Disco de Estúdio.

Carismática e dona de uma voz potente, Christina Aguilera, que figura no hall das principais cantoras pop do mercado fonográfico mundial, se prepara para lançar seu próximo álbum de estúdio, intitulado "Lótus". O primeiro single, "Your Body" já foi lançado e atualmente não conta com bom desempenho nos charts. Muitos acreditam que isso se deve ao contrato que a cantora tem com a NBC, participando do programa "The Voice", o que a impede de divulgar a música em outras redes de televisão. Amparada por um grande time de produtores, Christina tenta apagar o péssimo desempenho de seu último álbum, "Bionic", que foi considerado um fracasso comercial. Contudo, devemos lembrar que é da cantora um dos discos mais sensacionais dos últimos tempos, no caso, "Back to Basics", lançado em 2006, é um álbum duplo em que Christina resgata sonoridades de décadas passadas, prestando uma belíssima homenagem aos grandes nomes do soul e do jazz, resultando em um trabalho sofisticado, com uma voz poderosa e letras inteligentes, mesclando batidas dançantes, elementos circenses e ar retrô, tudo bastante sensual. Já com "Lótus", que será lançado oficialmente no dia 13 de novembro e contará com a participação do cantor Cee Lo Green, parceiro de Christina no "The Voice", a cantora prepara sua volta e esperamos que seja em grande estilo.

Por André Ciribeli.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Resenha de Disco: "The Greatest", a Obra-Prima de Cat Power.

Dizem que quanto mais envelhecem os vinhos, melhores eles ficam. Na música, se não ficam melhores, aqueles grandes discos, pelo menos, não perdem a grandeza. É o caso do "The Greatest", disco lançado por Cat Power no já longínguo 2006 e que quanto mais se ouve, melhor fica. Cat Power serve de codinome pra cantora e multi-instrumentista norte-americana Chan Marshal, que consolidou sua carreira de uma maneira bem peculiar, longe do circo midiático. Aliás, por um tempo, Chan desistiu da carreira e foi levar uma vida bucólica em sua fazenda no interior. Por essa e por outras (Chan também passou um tempo em uma clínica de reabilitação) ela lançou pouco. Mas desse pouco mel produzido, quase todo ele é geleia real. E por geleia real entende-se "The Greatest", um disco sublime, uma delicada mistura entre o indie, o folk e o soul, e tudo isso tendo como a cereja em cima do bolo a voz rouca e aveludada de Marshal. A verdade é que tudo nesse disco funciona. A voz, os arranjos, os temas. Tudo está ali à disposição de Chan para criar um disco-clima inesquecível. A canção título, que fez parte da trilha sonora do filme "Um Beijo Roubado" (onde Chan fez uma pontinha que ofuscou Jude Law), pode ser incluída sem medo em uma lista de canções mais bonitas de todos os tempos, sem exagero. A segunda faixa do disco, "Living Proof" (também em "Um Beijo Roubado), é outra que merece constar na lista de melhores. Outros destaques são "Willie", "Live in Bars" e claro, todas as outras músicas presentes no disco. Trocando em miúdos, "The Greatest" é um daqueles discos que daqui a cinquenta anos ainda será ouvido e indicado. Uma pedra fundamental da música.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Filme "O Palhaço", de Selton Mello, Vai Disputar Indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

O filme "O Palhaço", dirigido e estrelado por Selton Mello, foi o indicado brasileiro para concorrer na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2013, tendo ganhado de filmes como "Histórias Que Só Existem Quando Lembradas", "2 Coelhos", "O Carteiro", "Billi Pig", entre outros. Benjamim, ou Pangaré (Selton Mello) interpreta um palhaço que ajuda a administrar um circo que pertence ao seu pai (Paulo José, em excelente interpretação) que também atua como palhaço, embora sempre haja desavenças entre os dois. Com crise de identidade e pouco à vontade no picadeiro, ele é dono de uma tristeza que o impede até de sorrir, sempre com a sensação de vazio, como se lhe faltasse algo. O filme é dotado de profunda melancolia e sensibilidade, com belíssima direção de arte, ele explora o universo circense e a vida de cada um que dele faz parte. Grande sucesso de público,"O Palhaço" também foi elogiado por boa parte da crítica especializada, embora muitos afirmaram que o filme mais parece um curta-metragem. Realmente, o filme dá inúmeras voltas para parar sempre no mesmo lugar, mas é inegável que ali existe uma bela poesia, emocionante e singela. Já selecionado, o filme agora será exibido nos Estados Unidos e precisará de uma forte campanha para conquistar os votantes. Difícil dizer se foi uma escolha acertada, ainda mais que o filme concorrerá com adversários de peso, como a comédia francesa "Intocáveis" e o austríaco "Amour", vencedor em Cannes. Se a indicação foi boa ou não, fica aqui a nossa torcida.

Por André Ciribeli.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Universo de Kubrick ao Vivo em São Paulo.

Os fãs de Stanley Kubrick já podem iniciar a contagem regressiva. Em 2013, o MIS (Museu da Imagem e do Som) trará para o Brasil uma exposição com objetos de cenas dos filmes do aclamado diretor inglês, nome por trás dos clássicos, "2001: Uma Odisséia no Espaço" e "Laranja Mecânica". Fazem parte da exposição figurinos, maquetes, adereços, fotografias, scripts e muitos outros documentos utilizados por Kubrick para a realização de seus filmes. Virão para o Brasil, entre outras peças, o figurino das irmãs gêmeas de "O Iluminado" e as máscaras de "De Olhos Bem Fechados", seu último filme. A data de abertura ainda não foi divulgada e a exposição já passou pela Bélgica, Alemanha, Itália, Suíça e Austrália. O "Museu da Imagem e do Som" fica na Zona Oeste de São Paulo.

Por Rafael Tavares.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Resenha de Filme: Documentário "Doces Bárbaros" Mostra Uma das Fases Mais Criativas de Monumentos da MPB.

Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia. Hoje esses nomes representam lendas vivas, monumentos históricos e paradas obrigatórias da MPB. A geração dos anos 2000 pode questionar quais motivos levaram esses quatro baianos ao topo da cadeia alimentar da nossa música. Uma das possíveis respostas está no documentário "Os Doces Bárbaros", que relembra um dos momentos fundamentais da história nacional, que é a reunião desses quatro grandes na banda que dá título ao filme. Sim, o que é bom separado já esteve junto. E foi melhor ainda. Para nossa sorte, esse encontro deu origem a um compacto duplo e também a um documentário, relançado em 2004 com cenas inéditas e com som totalmente remasterizado. Os "Doces Bárbaros" passaram pelo Brasil como um cometa. O ano era 1976 e o que se vê na tela (e nas músicas do grupo) eram os ideais de liberdade e psicodelia que dominaram a década de 70, época em que o Brasil vivia o momento mais repressor dos anos de chumbo. A princípio, o grupo não foi tão bem recebido por fugir da MPB militante que lutava contra o sistema, mas hoje, mais de 30 anos depois do lançamento do documentário, o que se percebe é que aquele momento registrado no tempo foi um dos mais criativos desses grandes artistas e, principalmente, de nossa música. O documentário "Os Doces Bárbaros" registra a turnê desse grupo que levava liberdade para os palcos de um país acorrentado pelos militares e, ao retratar a música de uma geração de artistas, mostrou a maior ferida do Brasil no período, a Ditadura. Mais do que o registro de um show, esse documentário é um registro de um tempo. No palco, o grupo oferece ao público um misto de cumplicidade e divertimento daqueles quatro integrantes por estarem ali. Dá pra ver nos olhos de cada um deles a amizade e o prazer típicos da juventude. De todas as canções é impossível não escolher a interpretação de uma jovem Maria Bethânia para "Um Índio", apesar de todo o espetáculo ser digno de aplausos. Mas, o melhor de tudo é constatar que os "Doces Bárbaros" ainda são contemporâneos, não perderam o prazo de validade e estão presentes em diferentes artistas da nova geração. E é isso que define um grande artista.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tim Maia Completaria 70 Anos e Ainda é Considerado o Maior Soul Man Brasileiro.

O maior "soul man" brasileiro, Sebastião Rodrigues Maia, Tim Maia, ou simplesmente "o síndico", estaria completando 70 anos no próximo dia 28 e, responsável por introduzir o Soul no Brasil, continua sendo celebrado e cultuado, seja através de regravações, homenagens, compilações de seus maiores sucessos e principalmente em festas e shows de diversas bandas, onde todos cantam juntos suas principais canções. Compositor, cantor, instrumentista, produtor e empresário, o sucesso e a versatilidade marcou a carreira de Tim Maia, bem como algumas polêmicas. Autenticidade poderia ser o adjetivo que mais se encaixaria ao se falar de sua personalidade. O cantor não tinha papas na língua e falava o que vinha à cabeça. Começou sua carreira nos anos 50 e de lá até o final dos anos 90, quando ocorreu sua morte (devido a problemas respiratórios, obesidade e diabetes) o sucesso sempre esteve a ele ligado. Com dezenas de discos gravados, é impossível esquecer de pérolas como "O Descobridor dos Sete Mares", "Do Leme ao Pontal", "Eu Amo Você", "Sossego", "Primavera", "Não Quero Dinheiro", entre tantas outras, tocadas até hoje à exaustão. Tim Maia tinha um grande histórico de problemas com gravadoras, o que fez com que fundasse a sua própria, primeiramente Seroma e depois Vitória Régia. Seu álbum "Tim Maia", lançado em 1986 é considerado até hoje como um dos principais lançamentos da década de 80. Chegando a gravar um disco por ano, seu repertório passeava por funk, soul, músicas românticas e até pela Bossa Nova. Ao total foram 32 discos em 28 anos de carreira, que lhe garantiram também sucesso internacional. Mesmo após sua morte, Tim Maia continua ostentando o título de maior soul man brasileiro, sendo sinônimo de irreverência, sucesso e talento.

Coluna escrita por André Ciribeli.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Resenha de Filme: "Nós Que Aqui Estamos Por Vós Esperamos" Faz Poesia Com Imagens de Arquivo ao Contar a História do Século XX.

Infelizmente, documentários são filmes pouco difundidos comercialmente e com público bastante restrito. Muitos os consideram chatos, como uma reportagem cansativa e interminável. Em alguns casos é verdade, mas na grande maioria deles, os documentaristas nos apresentam uma verdadeira obra-prima inspirada pela realidade, matéria-prima desse cinema de público seleto. "Nós que aqui estamos por vós esperamos" (1999), do diretor Marcelo Masagão, entra nessa lista de documentários marcantes que fogem da regra de simplesmente retratar a realidade, ele sabe que essa função é do jornalismo, ao cinema documental cabe interpretar e poetizar essa realidade. E é isso que ele faz, poesia. "Nós que aqui estamos por vós esperamos" é um paralelo cinematográfico do livro "Era dos Extremos", do historiador Eric Hobsbawn, que narra a história do século XX, o período de maior transformação da Humanidade. Utilizando imagens de arquivo que foram produzidas durante todo o século, em diferentes partes do mundo, o documentário cria histórias, personagens e situações que, mesmo não sendo reais, poderiam ter sido. O que importa é que o universo micro que ele cria, serve de metáfora para falar do macro, narrando o contexto social, cultural e humano do século que mudou o mundo em velocidade máxima. A maneira como Masagão conecta essas imagens de arquivo (que não possuem nenhum vínculo entre elas) com as histórias que cria, transforma o documentário em uma poesia visual requintada, que expressa sentimento, anseios e verdades que também são nossas, afinal somos todos filhos e filhas do século XX. Documentários como "Nós que aqui estamos por vós esperamos", precisam ser vistos não por narrar fatos que dizem respeito a todos nós, mas por trazer à tona os sentimentos, anseios e medos que nos movem. Eles precisam ser vistos porque ao falarem dos outros, dizem muito sobre nós. Fazendo poesia com o passado, Masagão nos impele a sonhar o futuro.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sai Hoje o Indicado Brasileiro à Categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar.

Hoje, dia 20, o Brasil anunciará qual filme será o representante do nosso cinema no Oscar 2013. Grandes filmes concorrem pela indicação. Confira a lista logo abaixo e torça para seu favorito. Lembrando que, após a escolha pela comissão nacional, o filme ainda passará pelo crivo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas Americanas, que selecionará cinco candidatos, entre todos os inscritos.




À Beira do Caminho
Billi Pig
Capitães da Areia
Colegas
Corações Sujos
2 Coelhos
Heleno
Elvis & Madona
Histórias Que Só Existem Quando Lembradas
Luz Nas Trevas
Menos Que Nada
Meu País
O Carteiro
O Palhaço
Paraísos Artificiais
Xingu


Por Rafael Tavares.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ludimila Marinho Se Despede do Blog e Deixará Saudade.

Queridos amigos e seguidores, gostaria de agradecer pelas visualizações, pelo carinho e pelas críticas que são sempre muito bem vindas. Agradecer também ao meu amigo André pelo convite para participar dessa equipe tão linda que é o Esfinge. Por estar trabalhando em um projeto pessoal e profissional, deixo hoje a minha cadeira aqui no blog. Minha fonte de inspiração está canalizada para um novo projeto de trocas de saberes e experiências pessoais voltadas para ações sociais, ambientais e culturais. Quem sabe um dia eu volto para compartilha-las com vocês? Mas, infelizmente estou precisando mais ler as colunas do Esfinge do que escrevê-las. Preciso me abrir para o que é novo, conhecer coisas inéditas e me apaixonar por elas. Enquanto isso, serei seguidora assídua, baterei minha carteirinha aqui em busca de dicas preciosíssimas sobre cultura, que são sempre expostas de maneira tão deliciosa e real pelos meus amigos. Obrigada e um forte abraço. Até qualquer dia. Ludimila Marinho. Deixo aqui uma mensagem que muito tem a nos ensinar.

O Sábio

“Aquele que conhece os outros é sábio.
Aquele que conhece a si mesmo é iluminado.
Aquele que vence os outros é forte.
Aquele que vence a si mesmo é poderoso.
Aquele que conhece a alegria é rico.
Aquele que conserva o seu caminho tem vontade.
Seja humilde, e permanecerás íntegro.
Curva-te, e permanecerás ereto.
Esvazia-te, e permanecerás repleto.
Gasta-te, e permanecerás novo".

Lao Tsé.

Resenha de Disco: "Havoc and Bright Lights", o Mais do Mesmo de Alanis Que Vale a Pena.

A maternidade fez bem para Alanis Morissette. Seu primeiro disco após o nascimento de seu rebento é um bom exemplar daquele pop rock que ela sabe fazer tão bem. Se o anterior, "Flavors of Entanglement", era um tanto sombrio devido ao fim de seu relacionamento com o ator Ryan Reynolds, "Havoc and Bright Lights" é bem mais solar, e isso já deixa claro até no nome do álbum. A cantora canadense tem um grupo de fãs que esperam dela um novo "Jagged Little Pill", seu disco de maior sucesso e que a lançou para o mundo. Se você é um desses, já digo, não foi dessa vez. Ainda bem. Quem conhece bem a sua carreira sabe que ela é influenciada muito pelo que acontece em sua vida e que a garota de cabelo grande (e aparentemente sujo) ficou lá na década de 90. Depois disso ela foi para a Índia, casou, descasou, casou novamente e teve um filho. E é isso que a influenciou agora. Se for para comparar com um de seus discos anteriores, "Havoc and Bright Lights" tem um quê de "Under Rug Swept" (2002), com seu pop rock pouco sisudo e bastante despretensioso. "Lens", a sexta faixa do disco, é uma daquelas canções para se cantar junto, com a marca registrada do estilo musical de Alanis. Outros destaques são "Empathy", "Win and Win", "Havoc" e "Receive". Alguns dirão que "Havoc and Bright Lights" é mais do mesmo. E é. Mas, é um mais do mesmo que vale a pena. Longe da pretensão de fazer um disco que revolucionasse a própria carreira, Alanis sempre deixa claro que canta (e conta) aquilo que tem vontade.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Moda e a Música em Uma Perfeita Combinação Artística.

A música é baseada em vários tipos de influências, isso porque a arte nunca se encontra sozinha e a junção de vários tipos de criações em uma só sempre rende bons frutos. A moda, vista como uma forma de arte, também se encaixa nesse conceito. Para a confecção de uma peça é necessário preparo, execução, criatividade na criação e profissionais especializados, visando sempre a aceitação do mercado, o mesmo que acontece quando um artista resolve lançar um disco. Porém, traçando um paralelo entre essas duas formas de se fazer arte, percebemos que elas podem estar intimamente interligadas. Ícones da cultura pop sempre influenciaram criações dos mais diversos estilistas, bem como o visual de astros da música, vez ou outra vira febre entre os fashionistas e relacionamentos amorosos entre roqueiros e modelos sempre causaram burburinhos na mídia. Grandes parcerias entre músicos e estilistas marcaram o mundo da moda, como a banda Sex Pistols e a estilista Vivienne Westwood, que criou o visual punk. Marc Jacobs, em 2011 criou uma coleção inteira baseada em Donna Summer, usando cores vibrantes, volumes e franjas. A Belmain buscou influência em Michael Jackson para a criação de suas jaquetas recheadas de brilhos e tachas. Mais recentemente, Florence Welch, da banda "Florence and the Machine" virou queridinha da grife Givenchy, graças à sua perfeita combinação entre o moderno e o clássico, no melhor estilo retrô e já participou de um desfile da Chanel. Elvis Presley, Beatles, astros da Jovem Guarda e David Bowie são exemplos de como artistas da música podem ditar moda e ser influência para muita gente na hora de se vestir, tanto antigamente quanto nos dias atuais. A mídia desempenha um importante papel nessa junção. A novela "Dancin' Days" no Brasil levou todo mundo para as discotecas usando meias de lúrex, salto alto, calça boca de sino e camisa de poliéster. Com isso, a música e a moda, bem como outras combinações artísticas, buscam influências diversas para suas criações, e essa parcerias são sempre bem vindas. A criatividade está em alta.

Coluna assinada por André Ciribeli.

domingo, 9 de setembro de 2012

Resenha de Disco: A Mistura Fina de Caê Rolfsen e Seu Disco Estação Sé.

Muitos discos são lançados anualmente mundo afora, milhares deles são bons e valem o gasto ou, talvez, o download. Mesmo assim, poucos podem ser considerados obras-primas, aqueles que chegam até nós (ou chegamos até eles) por acaso, sem muitas pretensões e que depois da primeira audição se tornam inesquecíveis, como amor à primeira vista. Pare e pense, quantos discos fizeram você parar tudo para ouvi-lo (e senti-lo) atentamente? "Estação Sé", o álbum de estreia do paulistano Caê Rolfsen, é dessas delícias musicais que valem o download e o tempo perdido (que hoje é artigo raro) para degusta-lo. Sim, esse enxuto disco de nove canções pede para ser ouvido, e não simplesmente escutado. Mais do que ouvidos, pede o coração aberto. Quem tiver o prazer de chegar até ele encontrará nove obras-primas que resultam em uma mistura fina entre os sons mais clássicos da MPB com letras revelando a realidade desse Brasil urbano e moderno. Destacar algumas músicas desse pequeno repertório de nove é quase impossível, mas, tentando, ouça "Que Nem a Gente", com uma letra inspirada que mostra como nem todo mundo é igual, mas todo mundo é igual em ser diferente. Um dos melhores lançamentos do ano no Brasil, "Estação Sé" está disponível para download no site de Caê Rolfsen gratuitamente. Para os amantes de música de qualidade, vale a pena dedicar um tempo para essa obra-prima.

Resenha escrita por Rafael Tavares.