segunda-feira, 28 de maio de 2012

Resenha de Disco: Rosa Passos Homenageia Elizeth Cardoso em Grande Estilo.

Rosa Passos sempre foi conhecida pelo seu canto preciso, correto e por fina escolha de repertório, que é pontuada desde o início da sua carreira. Também é conhecida e respeitada nos Estados Unidos e inúmeros países desde que, em 1996, foi convidada para participar de uma noite dedicada à música brasileira no Jazz at the Bowl, na Califórnia. O disco "Me and My Heart" foi primeiramente lançado no mercado americano em 2002 e somente anos depois chegou ao Brasil. Tendo a incrível Elis Regina como inspiração, pode-se dizer que a carreira de Rosa Passos é marcada por inúmeros acertos. O último deles atende pelo nome de "É Luxo Só", belíssimo disco, distribuído pela Biscoito Fino, em que a cantora faz uma homenagem a Elizeth Cardoso, garimpando músicas que geralmente não são associadas a ela para compor o repertório. As músicas escolhidas se tornaram mais famosas nas vozes de outras pessoas do que na da própria Elizeth. São abordados temas como "Último Desejo" e "Três Apitos", composições de Noel Rosa, bem como o clássico "As Rosas Não Falam" do mestre Cartola. É também do sambista a música "Acontece", na qual Rosa regravou com maestria. Outro grande destaque do álbum é "Diz Que Fui Por Aí", música de Zé Keti e Hortencio Rocha. A canção que dá nome ao disco, composição de Ary Barroso e Luiz Peixoto, beira a perfeição. O álbum foi aclamado pelo crítica especializada e concorre ao 23° Prêmio da Música Brasileira 2012, nas categorias Melhor Álbum de MPB e Melhor Cantora de MPB. Assim como o seu trabalho, Rosa é luxo só.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Resenha de Disco: Último Trabalho de Jussara Silveira Foi, Infelizmente, Esquecido Pela Mídia.

Dona de um dos melhores discos de 2011, Jussara Silveira, assim como o seu último trabalho, foram esquecidos pela mídia. "Ame ou Se Mande" é o grande álbum de estúdio inspirado no show que a cantora realiza desde fevereiro de 2011. Embora o disco beire a perfeição, pouco se ouviu ou se falou dele, salvo alguns críticos de ouvidos apurados que o aclamaram da maneira que ele merecia. Lançado pela gravadora Jóia Moderna, "Ame ou Se Mande" é disco simples, que ressalta a voz clara e elegante de Jussara através de regravações escolhidas a dedo. Juntamente com os músicos Sacha Amback e Macelo Costa, Jussara deu vida a um repertório coeso, poético e deliciosamente sensível. Prova disso é que finalmente "Marcianita", famosa canção presente em seus shows, ganhou registro de estúdio. "A Voz do Coração" é a belíssima música de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos que abre o disco, seguida por "Ifá", de Cézar Mendes e Capinan, uma canção de oração e fé com referências baianas. Estão presentes no disco também "Dê Um Rolê" de Moraes Moreira e Luiz Galvão e "Tenho Dó das Estrelas" de Zé Miguel Wisnik. Destaque absoluto do disco, "Contato Imediato" do trio Tribalista (Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Carlinhos Brown), ficou perfeita na voz de Jussara, de uma forma suave e tocante. Perfeito seria se cada brasileiro percebesse a beleza de "Ame ou Se Mande" e do incrível talento dessa cantora pouco conhecida. Ninguém poderá calar a voz do coração de Jussara Silveira. E os bons ouvidos agradecem.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Prêmio da Música Brasileira Divulga os Indicados a sua 23º Edição.

Foram divulgados na última segunda-feira, dia 24 de maio, os indicados ao 23° Prêmio da Música Brasileira 2012. O Pernambucano Herbert Lucena foi o campeão de indicações pelo disco “Não me peçam jamais que eu dê de graça aquilo que eu tenho pra vender”, concorrendo como melhor disco e cantor regional, revelação e projeto gráfico. Criolo, Beth Carvalho, Dori Caymmi, Cauby Peixoto e Dominguinhos vem logo em seguida com 3 indicações cada. "5 a Seco" concorre a melhor grupo na categoria MPB, "Casuarina", com "Trilhos Terra Firme" concorre como melhor grupo na categoria Samba. Rosa Passos, pelo seu grande trabalho "É Luxo Só" na qual homenageia Elizeth Cardoso, concorre nas categorias Melhor Álbum de MPB e Melhor Cantora de MPB. O disco Poesia Musicada de Dori Caymmi concorre nas categorias Arranjador, Melhor Álbum de MPB, Melhor Cantor. Graveola e o Lixo Polifônico concorre como melhor grupo de Pop/Rock/Reggae/HipHop/Funk. O Grande homenageado da premiação será o cantor João Bosco. A premiação será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 13 de junho. Eis algumas das categorias e seus indicados:

CATEGORIA: ARRANJADOR
Dori Caymmi - álbum ‘Urubupeba’, de Antonio Carlos Bigonha
Gilson Peranzzetta - álbum ‘Iluminado’, de Dominguinhos
Mario Adnet - álbum ‘+ Jobim Jazz’, de Mario Adnet

CATEGORIA:  MELHOR CANÇÃO
‘Arrasta a Sandália’. Compositores: Dayse do Banjo e Luana Carvalho. Intérpretes: Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, em ‘Nosso Samba Tá Na Rua’
‘Sinhá’. Compositores: João Bosco e Chico Buarque. Intérpretes: Chico Buarque e João Bosco, em ‘Chico’
‘Zoeira’. Compositores: Moacyr Luz e  Hermínio Bello de Carvalho. Intérprete: Áurea Martins, em ‘Depontacabeça’

CATEGORIA: PROJETO VISUAL
Dalua e Mestre Maurão - álbum ‘O Samba de Roda de Dalua e Mestre Maurão’. Projeto: Gringo Cardia
Herbert Lucena - álbum ‘Não Me Peçam Jamais Que Eu Dê De Graça Tudo Aquilo Que Eu Tenho Para Vender’. Projeto: Evandro Borel
João Parahyba -  álbum ‘O Samba no Balanço do Jazz’. Projeto: Bijari

CATEGORIA: REVELAÇÃO
Criolo
Filipe Catto
Herbert Lucena

CATEGORIA: MPB

Melhor Álbum
‘Chico’, de Chico Buarque. Produtor: Luiz Claudio Ramos
‘É Luxo Só’, de Rosa Passos. Produtores: Renata Borges e Luiz Felipe Caetano
‘Poesia Musicada’, de Dori Caymmi. Produtor: Dori Caymmi

Melhor Grupo
5 a seco / ‘Ao vivo no Auditório Ibirapuera’
Passo Torto / ‘Passo Torto’
Quarteto Primo / ‘Dorival’

Melhor Cantor
Cauby Peixoto / ‘A Voz do Violão’
Dori Caymmi / ‘Poesia Musicada'
Filipe Catto / ‘Fôlego’

Melhor Cantora
Áurea Martins / ‘Depontacabeça’
Mônica Salmaso / ‘Alma Lírica Brasileira’
Rosa Passos / 'É Luxo Só'

CATEGORIA: POP/ROCK/REGGAE/HIPHOP/FUNK

Melhor Álbum
‘Nó na Orelha’, de Criolo. Produtores: Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman
‘Tempo de Menino’, de Pedro Luis. Produtores: Rodrigo Campello e Jr. Tostoi
‘Todo Dia é o Fim do Mundo’, de Lula Queiroga. Produtores: Lula Queiroga e Yuri Queiroga

Melhor Grupo
Agridoce / ‘Agridoce’
Graveola e o Lixo Polifônico / ‘Eu Preciso de Um Liquidificador’
Mundo Livre S/A / ‘Novas Lendas da Etnia Toshi Babaa’

Melhor Cantor
Caetano Veloso / ‘Zii e Zie ao Vivo’
Criolo / ‘Nó na Orelha’
Seu Jorge / ‘Músicas para Churrasco Vol.1’

Melhor Cantora
Gal Costa / ‘Recanto’
Marisa Monte / 'O que Você quer Saber de Verdade'
Zélia Duncan / ‘Pelo Sabor do Gesto – Em Cena’

CATEGORIA: SAMBA

Melhor Álbum
'Em Boas e Mais Companhias' , de Ivor Lancelotti. Produtor: Família Lancelotti
‘Fabiana Cozza’, de Fabiana Cozza. Produtor: Paulão 7 cordas
‘Nosso Samba Tá Na Rua’, de Beth Carvalho. Produtor: Rildo Hora

Melhor Grupo
Casuarina / 'Trilhos - Terra Firme'
Fundo de Quintal / 'Nossa Verdade'
Sururu na Roda / 'Se você me ouvisse - 100 Anos de Nelson Cavaquinho'

Melhor Cantor
Arlindo Cruz /  ‘Batuques e Romances’
Douglas Germano / ‘Orí’
Leandro Lehart / 'Ensaio de Escola de Samba'

Melhor Cantora
Aline Calixto / ‘Flor Morena’
Fabiana Cozza / ‘Fabiana Cozza’
Beth Carvalho / 'Nosso Samba Tá Na Rua'

domingo, 13 de maio de 2012

Resenha de Disco: Filipe Catto Esbanja Sensibilidade em Álbum Inspirado.

Cantor gaúcho, Filipe Catto despontou em 2009 com o EP "Saga", disponibilizado de forma legal para download no site do artista. O referido disco já anunciava o poder passional existente em suas músicas. Muito comparado a Ney Matogrosso pela voz um tanto quanto afeminada e pela interpretação performática, Filipe Catto vai além do que mera cópia do líder dos Secos e Molhados. Seu primeiro e já aclamado disco "Fôlego", lançado pela Universal Music, é marcado por repertório próprio com algumas regravações que ganharam novas formas para serem encaixadas no estilo característico do cantor. "Adoração", música inédita composta por ele, abre o álbum, seguida por "Gardênia Branca", também de autoria própria, com  ares de tango, ritmo que pode ser encontrado em outras faixas, como "Saga", que tal qual "Crime Passional" e "Roupa do Corpo", foi reaproveitada do primeiro EP. "Ave de Prata", música de Zé Ramalho é um grande destaque, resultando em uma obra-prima na voz do artista. "Garçom", canção popularizada na voz de Reginaldo Rossi também foi regravada de forma inspirada. O disco é difícil de se classificar, visto que Filipe Catto mescla ritmos diversos, que vão desde o samba de "Juro por Deus" ao clima de cabaré presente em "Johnny, Jack and Jameson" e em "Dia Perfeito", música da banda gaúcha "Cachorro Grande". Já na primeira audição percebemos que Filipe Catto é artista que esbanja sensibilidade e seu fantástico e inspirado disco de estreia já é capaz de colocá-lo no hall dos grandes novos cantores brasileiros.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Resenha de Disco: Curumin Continua Sua Experimentação Regional em Novo Disco.

O músico Curumin, ou Luciano Nakata, anuncia: meu novo disco tem pressão. Sucessor de Achados e Perdidos (2005) e o aclamado Japan Pop Show (2008), "Arrocha" continua seguindo as influências regionais que o cantor gosta tanto de inserir em seus trabalhos, embora se distancie um pouco das experimentações instrumentais e do balanço que foi característico de seus últimos discos. Curumin conseguiu incluir deliciosas batidas eletrônicas nesse novo álbum, mesmo fazendo uma homenagem ao vinil, no melhor estilo rústico. O disco foi inteiramente gravado em um estúdio particular do cantor e conta com tiragem de 500 mil exemplares em vinil distribuído pela Urban Records. "Arrocha" é um disco curto, composto por grande número de vinhetas e faixas relativamente breves, mas muito interessantes. O artista faz um passeio por passagens do cotidiano, com crônicas do dia a dia, dando espaço até para momentos românticos, deixando um pouco de lado sua veia crítica, que tanto influenciou o último trabalho. Assim como o que a cantora e sua amiga Céu fez em "Caravana Sereia Bloom", Curumin pegou ritmos que já estavam desgastados, deu uma nova roupagem aos mesmos e garantiu mais uma novidade criativa para a música brasileira. "Arrocha" é o disco mais pesado do cantor, segundo o que ele próprio propaga e podemos perceber no groove frenético de "Afoxoque", no reggae suingado de "Vestido de Prata" e no afrobeat presente em "Selvage", grandes destaques do disco. Ao fim de atentas audições, nota-se que Curumin nos presenteia com um álbum solto, diversificado, com qualidades distintas, caracterizado como mais um grande lançamento desse excepcional artista.