Quando lançou "The ArchAndroid",
Janelle Monáe foi alçada a um patamar altíssimo, com um disco
conceitual, onde mesclava novos ritmos ao antigo soul da Motown com uma
bela pitada de psicodelia. Anos depois, mais precisamente em 2013, o
aguardado sucessor chegou fazendo estardalhaço. "The Eletric Lady" não
decepcionou. O disco abraça o soul mais forte, mais intensamente, onde
músicas calmas e agitadas dividem espaço com interlúdios que simulam uma
rádio, introduzindo o grande espetáculo que estamos prestes a ouvir. O
álbum ainda cria metáforas presentes em um mundo hipotético, dominado
por androides. Mesmo mantendo a cara, voz e assinatura de Janelle, há
inúmeras participações especiais. Prince está presente em "Givin’ Em
What They Love", Esperanza Spalding em "Dorothy Dandridge Eyes". Monáe
divide os vocais com Erykah Badu em "Q.U.E.E.N.", um hino à liberdade e
força feminina. Solange canta na faixa "Eletric Lady" e Miguel arrebata
na balada "PrimeTime", que para mim é um dos destaques do disco, junto
com "It's Code" e "We Were Rock n' Roll". Porém, as grandiosas
participações não ofuscam a cantora, ao contrário, apenas acrescentam
beleza a uma obra que já beira a perfeição. Tudo é cuidadosamente
arquitetado e jamais soa artifical, com produção super competente. O
talento de Janelle não passa despercebido, assim como seu repertório
inspirado.
Escrito por André Ciribeli.