terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Crítica de Disco: Roberta Sá Se Reinventa e Acerta Outra Vez.

Roberta Sá é, por muitos, considerada como a melhor cantora da nova geração da MPB. E não é a toa. Inserida no abrangente repertório do samba de raiz, Roberta criou nome entre a nova safra de cantoras adeptas ao estilo. Seu disco "Belo Estranho Dia Pra Se Ter Alegria" foi o responsável por colocar a cantora sob as luzes dos holofotes e lhe garantiu prêmios e críticas positivas da imprensa especializada. Porém, foi antes, com o considerado seu primeiro álbum, se não levarmos em conta a compilação de músicas do disco "Sambas e Bossas", o excelente "Brasileiro", que a cantora passou a ser realmente "ouvida", com participações de Ney Matogrosso e Pedro Luís, o disco marcou a entrada oficial de Roberta Sá no mercado fonográfico. Mais a frente, quis homenagear o grande Roque Ferreira e lançou, juntamente com o Trio Madeira Brasil, o álbum "Quando o Canto é Reza", composto apenas com músicas do artista citado. A artista foi capaz de lançar durante toda sua relativamente curta carreira, discos excepcionais, com produção caprichada e repertório coeso, escolhido a dedo. O mesmo pode ser dito do seu DVD "Pra Se Ter Alegria", onde nos extras figura maravilhosa regravação de "Mambembe" ao lado de Chico Buarque. E já no início desse ano Roberta Sá lança "Segunda Pele", confirmando o seu talento e incorporando a lista de grandes álbuns lançados pela cantora. Roberta resolveu inovar e sair da sua zona de conforto. O samba foi deixado em segundo plano e ela optou por um repertório leve, que vai da música pop à folia de canções animadas. Produzido por Rodrigo Campello, Segunda Pele conta com a participação de Jorge Drexler na faixa "Esquirlas", em que Roberta Canta em espanhol. Já em "Lua", quem a acompanha é a banda A Parede, da qual seu marido Pedro Luís é o vocalista. O primeiro single, "Pavilhão de Espelhos" é música espetacular, muito bem escolhida para lançar o álbum. De clima carnavalesco, "Deixa Sangrar" é música animada que nos convida a dançar, o mesmo pode se dizer da bela "No Bolso". Já "Altos e Baixos" é destaque do disco, que nos remete às obras antigas da cantora. Com Segunda Pele, Roberta mostra que sabe se reinventar, que dança fora do lugar comum, ela arrisca, acerta, e mais uma vez lança um grande disco.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Resenha de Filme: Almodóvar dispensa simbolismos em seu novo filme.

Em "A Pele que Habito", Almodóvar abandona os simbolismos característicos de seus filmes. Objetos são apenas objetos, situações realmente acontecem, por mais incrédulas que possam parecer, e se encaixam perfeitamente em um filme de terror "sem sustos ou gritos", como o próprio cineasta espanhol o definiu, baseando-se no livro "Tarantula", do escritor francês Thierry Jonquet. O cirurgião plástico Robert Ledgard (Antonio Banderas), após perder sua esposa em um trágico acidente, decide criar uma pele humana artificial, mais forte e resistente, usando DNA de pessoas e suínos. Desde o início, percebemos que Robert quer recriar sua mulher, usando uma cobaia muito incomum. O início confuso do filme, com cenas alternadas que a princípio não se encaixam, vai tomando um contexto forte e os mistérios vão sendo desvendados de forma coesa, embora a megalomania do cineasta possa ser enxergada nesses momentos cruciais. Se em "Abraços Partidos" Almodóvar abre mão da ação para a história ser contada através de símbolos, apelando muitas vezes para a capacidade dedutiva do espectador, em "A Pele que Habito" ele faz exatamento o contrário. Tudo é explicado minuciosamente, até porque há essa necessidade. Os objetos não são simbólicos, eles são realmente usados. A navalha é usada, os falos são usados e o plano nada convencional do Doutor Robert é executado, lembrando a velha história de Frankenstein. Contando uma história com seu jeito bem peculiar, Almodóvar conseguiu novamente ser genial.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Resenha de Disco: Jô Nunes Intensifica a Nova MPB no Cenário Musical Brasileiro.

Enquanto a mídia escancara as portas para que cantores sertanejos e bandas adolescentes de pseudo rock mostrem o que de pior se pode fazer com a música brasileira, é no cenário independente que podemos encontrar pérolas confundidas com músicas inteligentes e de qualidade. Jô Nunes é uma porta voz (literalmente) de excelentes canções que traduzem o Brasil como um país de excelentes artistas. Lançado no ano passado, seu disco de estreia, intitulado "Passarinha" é uma maravilhosa obra autoral que traduz o samba na sua melhor forma e intensifica a Nova MPB como um estilo cada vez mais conceituado no cenário musical brasileiro. Jô Nunes é curitibana e seu trabalho está sendo promovido pelo site Musicoteca, que conta com um excelente acervo para download legal e gratuito. A artista dá voz também ao cancioneiro popular, cantando a vida com uma poesia única, sem perder o compasso e se destacando como uma exímia compositora. A alegre e irreverente "Despirucada" é um exemplo de como Jô consegue brincar com a voz em uma melodia simples e lúdica. A faixa título do disco é um sambinha gostoso que alegra e envolve o ouvinte em qualquer momento do dia, sem contra-indicação. O disco conta com a participação charmosa do trio de músicos Vinícius Chamorro, Graciliano Zambonim e Fabio Cardoso. "Eles Fingem" é outra música que nos remete ao cotidiano e a cenas que muitas vezes passam batidas aos nossos olhos. O disco inteiro é assim, singelo e sutil, ambíguo, pois consegue ser ao mesmo tempo simples e requintado. Jô tem classe e elegância ao cantar. Afinada e com uma obra coesa, ela integra o time de excelentes cantoras que (ainda bem) estão surgindo ultimamente, dando lugar, mesmo sem amplo destaque na mídia, à boa música brasileira. Voa, Passarinha.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Novo Disco de Roberta Sá Já Tem Data de Lançamento.

Quinto disco da cantora Roberta Sá chegará às lojas no dia 24 de janeiro. O sucessor de "Quando o Canto é Reza", disco com músicas de Roque Ferreira que a cantora lançou com o Trio Madeira Brasil, foi intitulado "Segunda Pele" e é precedido pelo single "Pavilhão de Espelhos". O novo disco é produzido por Rodrigo Campello e distribuído pela Universal Music.