quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Resenha de Disco: Trombone Shorty se consagra como Fenômeno do Jazz.

Nascido Troy Andrews, Trombone Shorty ganhou esse apelido (Shorty, baixinho) por desde cedo frequentar os redutos de jazz de Nova Orleans, sua cidade Natal. Grande apreciador de Jazz, Trombone participava de jam sessions e duelava com grandes artistas do gênero, sendo elogiado até por Stevie Wonder. Mas, passou a ser conhecido quando integrou a turnê de Lenny Kravitz, mas sempre voltando a Nova Orleans para adquirir maiores experiências e experimentar novos sons. Seu primeiro disco, "Backatown" foi muito bem recebido pela crítica e era uma mistura deliciosa de Blues e Jazz, com claras influências da velha escola de R&B. Essa mesma mistura se repete em "For True", lançado esse ano e que segue a mesma linha do disco anterior. A faixa que abre o disco é "Buckjump", jazz de instrumental suingado. As faixas instrumentais dominam o disco, como a excelente "Dumaine St." e "For True", que dá nome ao disco. As participações especiais são muitas, desde Jeff Beck (Do to Me), a Ledisi (Then There Was You), Kid Rock (Mrs. Orleans) e Lenny Kravitz (Roses). Com "For True", grandioso disco, Trombone Shorty se consagra como um fenômeno do jazz dos dias atuais.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Resenha de Disco: Manu Santos Traz Alegria à Nova MPB.

Outra artista saída do reduto da Lapa, Manu Santos, de 26 anos e vencedora da II Mostra de Talentos do Carioca da Gema, está lançando, finalmente, seu primeiro disco, "Nossa Alegria", pelo selo "Saladadesom". Manu, de timbre afinadíssimo, não acrescenta nada de novo à música brasileira, mas sua qualidade e técnica vocal a direciona como uma das melhores cantoras do gênero. Integrante da "Nova MPB", que incorpora cantores como Mariana Aydar e Rodrigo Maranhão, Manu possui repertório que vai da MPB ao samba, explorando alguns ritmos brasileiros e usando letras poéticas para compor músicas de qualidade. A artista chega ao primeiro disco cercada de um time excepcional de músicos, como o baterista Carlos César Mota (que atualmente trabalha com Maria Bethânia) e o baixista Pedro Moraez (que trabalha com Mart'nália). Os arranjos e a produção musical fica a cargo do conceituado André Angra. "Calma" é a música que abre o disco, um sambinha gostoso que começa devagar e vai ganhando força com o canto de Manu. Repleto de regravações, a artista confere novos ares a clássicos de Caetano Veloso (Lua de São Jorge), João Donato (Lugar Comum) e Fito Paez (Un Vestido y Un Amor). "O Samba me Diz" é música irresistível na voz de Manu e grande destaque do disco, ao lado de "Mulher Jangadeira". Manu Santos chega muito bem servida com seu primeiro disco, trazendo alegria à Nova MPB e aos nossos ouvidos.

domingo, 25 de setembro de 2011

Conselho Literário: O Naturalismo e a Outra Forma de Visão da Sociedade.

O Naturalismo, conhecido também como uma forma radical do Realismo, é uma escola literária baseada na observação fiel da realidade. Baseava-se no princípio que as ações, comportamento e atitudes do indivíduo eram influenciadas pelo meio e pela hereditariedade. O indivíduo não tinha então, controle sobre seus atos. A visão naturalista, obviamente pessimista, não dava brecha para floreios, romances e ternuras de qualquer espécie. Tudo era retratado de forma real e a linguagem detalhista é uma de suas características. Aluísio Azevedo, grande escritor naturalista, autor de "O Cortiço", foi um grande mestre desse segmento. O livro citado retrata com fidelidade a pobreza humana e material de um lugarejo onde vivia João Romão, personagem principal da obra. O ambiente é retratado de forma a nos fazer enxergar o quanto era imundo e insalubre. Percebe-se que alguns personagens que começam a residir no cortiço são dignos, de caráter e caprichosos nos seus afazeres, trabalhadores. Com o passar do tempo, com acontecimentos inerentes à sua vontade, tornam-se bêbados, promíscuos, desmazelados e arruaceiros. Mostra-se assim que o lugar influenciou o caráter do indivíduo e que o mesmo é totalmente dependente dele. O mesmo acontece em "Casa de Pensão", obra do mesmo autor, onde o interesse e a maldade transformam negativamente a vida de um ingênuo estudante. Já em "O Mulato", Aluísio Azevedo critica a falsidade e o preconceito racial na sociedade maranhense, com ênfase na corrupção do clero. É uma forma de enxergar o que a sociedade tem de ruim, de denunciar e criticar, fazendo abrir os olhos para as mazelas sociais, o que torna essas obras tão contemporâneas, mesmo nos dias atuais. Considerado o primeiro romance homossexual brasileiro, o livro "Bom Crioulo" de Adolfo Caminha, narra a tórrida relação do negro Amaro com o jovem Aleixo, que se entrega as investidas do bom crioulo sem relutar, mostrando a falta de força e poder de decisão diante das situações por qual passa, o que volta a acontecer mais tarde quando entra na história Dona Carolina. Para mim, o Naturalismo é a escola literária mais importante, justamente por denunciar as práticas desonestas da sociedade, fazendo com que possamos entender as atitudes humanas em um contexto geral. Os livros citados nesse texto são excelentes e grandes clássicos da literatura brasileira. Boa leitura.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Resenha de Disco: Superheavy Faz Jus a Título de Super Banda.

Vez ou outra, vários artistas consagrados se unem e formam o que se chama de Super Banda. Nesse mês de setembro foi lançado um excelente disco de uma banda que se enquadra nessa categoria. Superheavy é a banda formada pelo líder do Rolling Stones, Mick Jagger, pela maravilhosa cantora Joss Stone, que dispensa apresentações, pelo filho caçula de Bob Marley, Damian Marley, por A.R. Rahman, produtor e cantor indiano, cuja música Jai Ho foi trilha do premiado filme "Quem quer ser um milionário" e por Dave Stewart, intergrante do Eurythimics. O álbum poderia se perder dentro de estilos musicais tão distintos, mas ao contrário, os artistas agregam influências e valores musicais em faixas deliciosamente distintas e, ainda assim, maravilhosas. O vocal principal fica a cargo, lógico, de Joss Stone e da enérgica voz de Mick Jagger. Damian Marley incrementa faixas como "Rock me Gently", uma balada suingada e gostosa de ouvir. Seu reggae misturado com Hip Hop pode ser facilmente identificado no primeiro single do disco, "Miracle Worker", que já ganhou clipe. As influências indianas de A. R. Rahman são encontradas na dançante faixa "Satyameva Jayathe" e em "Mahiya", música indiana com ares pop. Em "Common Ground", pra mim uma das melhores do disco, é Joss quem brilha absoluta com sua privilegiada voz ao lado de Damian Marley. "Never Gonna Change" lembra muito a banda de Jagger, e é ele quem assume o vocal principal na faixa. Embora em menor escala, a experiência musical de Dave Stewart faz toda a diferença para o grupo. Os estilos musicais de cada membro da banda vão sendo mesclados ao longo de algumas músicas. Fora de seus estilos característicos, os artistas não destoam. Joss é inserida nas músicas de A. R. Rahman como uma típica cantora indiana e Mick Jagger mantêm sua identidade em reggaes e baladas. Proveitosa e eficaz, a união desses artistas resultou em um disco fantástico. Espero que esse projeto tenha continuidade, porque Superheavy faz jus a título de super banda.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SuperHeavy, Banda de Mick Jagger e Joss Stone, Lança Primeiro Clipe.

A Super banda formada por Mick Jagger, Joss Stone, Damian Marley, Dave Stewart e A.R. Rahman, intitulada SuperHeavy, acaba de lançar o primeiro clipe. A música escolhida foi Miracle Worker, primeiro single do disco. Confiram o clipe aqui, no Esfinge Cultural. Em breve, resenha do disco.

Conheça a SuperHeavy: Banda de Mick Jagger e Joss Stone.

Mick Jagger se uniu a Joss Stone, Damian Marley (filho caçula de Bob Marley), Dave Stewart (do Eurythmics) e ao cantor e produtor indiano A. R. Rahman e formaram a banda Superheavy. A super banda é uma mistura de estilos musicais de todos os participantes e o resultado é fantástico. O disco será lançado ainda esse mês de setembro, mas as faixas já estão disponíveis na rede. Em breve, maiores detalhes e resenha do disco aqui no Esfinge Cultural.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Resenha de Fime: (500) Dias Com Ela Ressalta a Originalidade do Cinema Alternativo.

De forma criativa e original, (500) Dias Com Ela, dirigido por Marc Webb, é uma comédia romântica já clássica. A eterna história do garoto que conhece a garota e se apaixona, com altos e baixos da relação é contada de com novos ares e perspectivas. O filme, é antes de mais nada, honesto. Tom, vivido por Joseph Gordon-Levitt é um criador de cartões comemorativos que está em busca de um grande amor. No trabalho ele conhece Summer (Zoey Deschanel) com quem começa a se relacionar. O grande problema é que Summer não acredita no amor e prefere uma relação casual. A partir daí o filme é contado na perspectiva de Tom, as alegrias e tristezas do relacionamento dos dois é contada de acordo com os 500 dias que passaram juntos, de forma não linear, ou seja, os acontecimentos não seguem uma ordem, eles vão e voltam sem que isso prejudique o enredo do filme. A diferença do filme, já citada, é a honestidade com que a história é contada. Não há floreios ou finais avassaladores, muitas vezes previsíveis. Não que o filme guarde uma grande surpresa para o final ou acontecimentos marcantes, mas é tão singelo, tão puro e tão real que se destaca dos outros pouco criativos filmes do gênero. Sensível ao extremo, o filme retrata duas visões diferentes de comportamento amoroso. O que Tom espera da relação corresponde às expectativas de Summer? E assim, muitas vezes nos reconhecemos nos personagens, tanto em um quanto no outro. Não há meios de fazer uma pessoa se apaixonar por você se você não o quiser. E também, de uma honestidade ímpar, muitos poderão achar Summer insensível, mas não, assim, como o filme, Summer é real, e claro, nos envolvemos com a paixão de Tom, pois a história é ele quem conta. De uma forma simples e inteligente, (500) Dias Com Ela se torna um filme incrivelmente bom, envolvente e criativo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Resenha de Disco: Passageiro consolida o talento do cantor Rodrigo Maranhão.

Cantor, compositor e instrumentista, Rodrigo Maranhão já é um grande destaque da MPB. Vencedor do Grammy na categoria Melhor Canção Brasileira em 2006 pela música "Caminho das Águas" que ficou conhecida na voz de Maria Rita, o cantor ainda, infelizmente, é pouco conhecido no Brasil, mas muito aclamado por críticos e imprensa especializada em música. Segue carreira solo, mas Rodrigo é também integrante e líder do grupo Bangalafumenga, grande sucesso no Rio de Janeiro. Como compositor, suas músicas já foram consagradas na voz de Roberta Sá, Maria Rita, Anna Luísa, Fernanda Abreu, entre outras. Seu sucesso veio na forma de "Bordado", lançado em 2007, onde o cantor costura grandes temas de composição própria em melodias marcantes, acentuada por sua voz suave, com competência e talento. Porém, é no álbum "Passageiro", que Rodrigo pode ser caracterizado como um exímio cantor de suas composições. O álbum, também muito elogiado pela crítica, é composto por 13 maravilhosas músicas, onde a criatividade impera na mistura de ritmos. Baião, xote, fado e samba, dando um toque a mais na boa MPB do cantor, são ritmos presentes no disco. A faixa de abertura, "Samba Quadrado" é um grande destaque do álbum, pelo sensacional arranjo de cordas. "Valsa Lisérgica" é a única música em que Rodrigo faz parceria, a citar, com Pedro Luís, do grupo Pedro Luís e a Parede. "Camaleão", "Samba pra Vadiar" e "Um Samba pra Ela" são outros exemplos onde arranjo e composição se tornam grandes músicas na voz do cantor. Rodrigo costura poesia, borda letras e nos presenteia com um belo disco. Com enorme criatividade musical, a carreira do cantor não é passageira, e o álbum consolida ainda mais seu grande talento.