segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Resenha de Show: O "Menos é Mais" de Micróbio ao Vivo.

Adriana Calcanhotto, seja em aparições públicas ou em espetáculos, sempre foi contida. De sua vida privada, sabe-se pouco. Em um tempo de superexposições e megaproduções, isso é uma incongruência. Mas para a carreira de Adriana, faz todo sentido. O espetáculo "Micróbio Ao Vivo", que leva aos palcos as canções do seu excelente disco de samba, "Micróbio do Samba", é um exemplo desse menos é mais que pauta sua carreira. Não é a primeira vez que Calcanhotto apresenta um espetáculo diminuto em proporção, "Público", show transformado em disco no começo da década 00, era praticamente todo feito com voz e violão. Uma obra-prima. Em "Micróbio ao Vivo", show feito pelo selo "Multishow Ao Vivo" no Teatro Tom Jobim, no Rio de Janeiro, Adriana Calcanhotto se une a Davi Moraes, Domenico Lancellotti e Alberto Continentino para uma apresentação intimista do disco, sem grandes artifícios cênicos. É um encontro entre público, voz e música. Funciona e é suficiente. Os poucos elementos além-música que são incluídos na apresentação são apresentados de forma crua e simples. Um exemplo? Os confetes que caem sobre Adriana durante umadas músicas não vêm da coxia ou de algum equipamento no teto, uma pessoa entra com um saco e os joga sobre a cantora. E o efeito não poderia ser mais maravilhoso, a impressão é que estamos diante de uma estrutura translúcida, vendo sua composição, como aqueles telefones transparentes que foram moda décadas atrás. Outro acerto é ver como Adriana se desvencilha de seus clássicos sem sofrimento e sem fazer falta, mesmo que "Vambora" ainda toque em "Micróbio Ao Vivo", mas não como parte do repertório da apresentação. "Dos Prazeres, Das Canções", música de Péricles Cavalcanti e "Deixa, Gueixa" são destaques do show. "Te Convidei Pro Samba", na voz de Domênico Lancelotti, também é um exemplo de como o bom não precisa de muito. Nada contra grandes espetáculos e megaproduções, tenho vontade de ver a todos e, todos que vi, me agradaram. Porém, vez ou outra, é maravilhoso assistir a um show em que todos os espaços sejam preenchidos pela música e pela voz.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

Nenhum comentário:

Postar um comentário