quarta-feira, 13 de março de 2013

Resenha de Série: Acabou-se o Que Era Doce: Duas Séries Que Mereciam Estar No Ar.

Enquanto escrevia sobre as séries britânicas para o blog, lembrei-me de duas outras que tiveram uma passagem breve pela TV americana, mas que deveriam estar no ar.  Ambas foram vítimas da guilhotina cruel da TV americana: enquanto aqui readapta-se, modifica-se e remodela-se os programas de TV para agradar a audiência, as emissoras americanas tiram do ar tão logo percebe-se que não houve resposta dos telespectadores. Nesse jogo muitas coisas boas se perdem e outras piores são mantidas, mas é assim que funciona. As duas séries de hoje, Pushing Daises e United States of Tara, tiveram vida curta na TV e, apesar disso, marcaram o meio após suas passagens. Pushing Daises, criada por Brian Fuller, foi ao ar na TV americana entre outubro de 2007 e junho de 2009 e contou a história de Ned, um confeiteiro que tinha a estranha habilidade de trazer mortos de volta à vida (e também de volta à morte) com um toque, porém durante apenas um minuto. Caso não levasse a pessoa ressuscitada de volta à morte novamente, outra próxima morreria em seu lugar. Ned, então, utiliza esse artifício para fazer reviver seu grande amor, mas fica impossibilitado de toca-la para sempre, sendo esse o mote romântico do seriado.  Além dele, com seu dom, Ned passa a desvendar mistérios, assassinatos, tanto que a série foi vendida como um “conto de fadas forense”. O grande diferencial de Pushing Daises era unir o universo mórbido de Tim Burton com o lúdico de Amelie Poulain, mais parecendo um filme do que um simples seriado para a TV. Cada episódio era um encanto visual, rico em símbolos, sem esquecer-se do básico: ótimas interpretações para um ótimo texto. Com duas temporadas de vida, Pushing Daises teve grande êxito na primeira, mas seu público não continuou na segunda. Apesar disso, devido a boa recepção da crítica e dos poucos fãs que permaneceram, a série virou uma HQ e há planos para que vire um filme. United States of Tara foi ao ar pelo canal pago Showtime e mostrava a vida de uma família de classe média americana disfuncional (como normalmente toda família é), sendo regida por uma mãe amorosa e suas outras personalidades. Tara, a personagem título, lindamente interpetada por Toni Colette, sofria de Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), mais conhecido como Transtorno de Múltipla Personalidade. Criada por Diablo Cody (roteirista do ótimo Juno e do péssimo Garota Infernal), United States durou 3 temporadas e é um grande exemplo de como comédia e drama se encontram e podem funcionar juntos. Isso é resultado de um texto inteligente, que preza pelo “menos é mais” e de um grupo de atores – encabeçados por Colette – que entenderam perfeitamente o programa e deram o melhor de seus talentos para transmitirem a verdade de seus personagens. E conseguiram. United é um palco para Toni Colette mostrar, em exemplos, o que faz dela uma das melhores atrizes de sua geração (pena que Hollywood ainda não se deu conta disso). A regra é clara e o jogo é justo: a TV vive de publicidade e a publicidade precisa de audiência para poder anunciar na TV. Então, se não deu audiência, não há razão para manter um programa no ar. United States of Tara e Pushing Daises foram vítimas da regra. A nossa sorte é que os DVDs estão aí para nos mostrar que nem tudo está perdido. 

Resenha escrita por Rafael Tavares. 

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