Enquanto escrevia sobre as séries britânicas para o
blog, lembrei-me de duas outras que tiveram uma passagem breve pela TV
americana, mas que deveriam estar no ar.
Ambas foram vítimas da guilhotina cruel da TV americana: enquanto aqui
readapta-se, modifica-se e remodela-se os programas de TV para agradar a
audiência, as emissoras americanas tiram do ar tão logo percebe-se que não
houve resposta dos telespectadores. Nesse jogo muitas coisas boas se perdem e outras
piores são mantidas, mas é assim que funciona. As duas séries de hoje, Pushing
Daises e United States of Tara, tiveram vida curta na TV e, apesar disso,
marcaram o meio após suas passagens. Pushing Daises, criada por Brian Fuller, foi ao ar
na TV americana entre outubro de 2007 e junho de 2009 e contou a história de
Ned, um confeiteiro que tinha a estranha habilidade de trazer mortos de volta à
vida (e também de volta à morte) com um toque, porém durante apenas um minuto.
Caso não levasse a pessoa ressuscitada de volta à morte novamente, outra próxima
morreria em seu lugar. Ned, então, utiliza esse artifício para fazer reviver
seu grande amor, mas fica impossibilitado de toca-la para sempre, sendo esse o
mote romântico do seriado. Além dele,
com seu dom, Ned passa a desvendar mistérios, assassinatos, tanto que a série
foi vendida como um “conto de fadas forense”. O grande diferencial de Pushing Daises era unir o
universo mórbido de Tim Burton com o lúdico de Amelie Poulain, mais parecendo
um filme do que um simples seriado para a TV. Cada episódio era um encanto
visual, rico em símbolos, sem esquecer-se do básico: ótimas interpretações para
um ótimo texto. Com duas
temporadas de vida, Pushing Daises teve grande êxito na primeira, mas seu público
não continuou na segunda. Apesar disso, devido a boa recepção da crítica e dos
poucos fãs que permaneceram, a série virou uma HQ e há planos para que vire um
filme. United States of Tara foi ao ar pelo canal pago
Showtime e mostrava a vida de uma família de classe média americana
disfuncional (como normalmente toda família é), sendo regida por uma mãe
amorosa e suas outras personalidades. Tara, a personagem título, lindamente
interpetada por Toni Colette, sofria de Transtorno Dissociativo de Identidade
(TDI), mais conhecido como Transtorno de Múltipla Personalidade. Criada por Diablo Cody (roteirista do ótimo Juno e
do péssimo Garota Infernal), United States durou 3 temporadas e é um grande
exemplo de como comédia e drama se encontram e podem funcionar juntos. Isso é
resultado de um texto inteligente, que preza pelo “menos é mais” e de um grupo
de atores – encabeçados por Colette – que entenderam perfeitamente o programa e
deram o melhor de seus talentos para transmitirem a verdade de seus
personagens. E conseguiram. United é um palco para Toni Colette mostrar, em
exemplos, o que faz dela uma das melhores atrizes de sua geração (pena que
Hollywood ainda não se deu conta disso). A regra é clara e o jogo é justo: a TV vive de
publicidade e a publicidade precisa de audiência para poder anunciar na TV.
Então, se não deu audiência, não há razão para manter um programa no ar. United
States of Tara e Pushing Daises foram vítimas da regra. A nossa sorte é que os
DVDs estão aí para nos mostrar que nem tudo está perdido.
Resenha escrita por Rafael Tavares.
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