sexta-feira, 22 de junho de 2012

Resenha de Disco: Mart'nália Mostra em Seu Novo Disco, Produzido por Djavan, Que Seu Talento Não Se Limita ao Samba.

Um movimento de flerte com o pop e diferentes ritmos fez com que cantoras de prestígio abandonassem, em seus mais recentes trabalhos, a zona de conforto dos estilos que a consagraram: Roberta Sá em seu "Segunda Pele" e Norah Jones com seu "Little Broken Hearts" investiram em experimentações, sem se distanciarem por completo da essência dos seus discos anteriores. São as mesmas artistas, mas com roupas novas. Em seu novo disco de estúdio, "Não Tente Compreender", lançado pela Biscoito Fino, a sambista Mart'nália segue o mesmo caminho e monta um repertório que foge do seu tradicional, sem destoar daquilo que a consagrou e sabe fazer bem: o samba. Para dar vida a esse trabalho, a cantora e compositora contou com a apurada produção de Djavan, que trouxe uma sonoridade típica da sua discografia: aliás, para os que conhece a obra do artista, "Não Tente Compreender" poderia muito bem se passar por um disco de Djavan que fora gravado por Mart'nália. A faixa que dá nome ao disco, então, é a cara do cantor alagoano. Mart'nália se aventura pelo rock, pop, bossa nova e jazz com desenvoltura, soando natural e sentindo-se em casa. "Zero Muito", mais rockeira, poderia ser do repertório de Cássia Eller. Mas, o grande mérito de Mart'nália fica por conta de sua voz inconfundível e na riqueza de suas interpretações, que apresentam nuances que nem sempre o estilo fortemente ritmado do samba permite. Falando em samba, ele não ficou de fora, ainda que em roupagens intimistas. "Surpresa" (que soa como bossa nova), "Itinerário" e "Vai Saber" (presente também no disco "Micróbio do Samba", de Adriana Calcanhotto) são canções que combinam mais com um barzinho e violão do que com os grandes shows de carnaval. "Não Tente Compreender" é um álbum que agrada aos ouvidos exigentes e ainda tem cacife para ser sucesso nas rádios e trilhas de novela. Ponto para Mart'nália, que mostra que o samba é só um dos seus muitos talentos.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

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