quinta-feira, 14 de junho de 2012

Resenha de Filme: "Eu Matei Minha Mãe" é um Grande Filme de um Diretor Superestimado.

Xavier Dolan é um caso raro de cineasta: aos 23 anos ele teve seus três longas-metragens selecionados no Festival de Cannes; o primeiro deles, "Eu Matei Minha Mãe", de 2009, saiu premiado da França depois de ser aplaudido por oito minutos na Croissette. Além disso, recebeu prêmios e menções especiais nos festivais de Bangkok e Palm Springs. Multifacetado, o diretor canadense também atua em seus filmes, uma clara referência a outro diretor, Woody Allen. Isso explica os motivos com que Dolan fosse recebido com tanto entusiasmo. Tratando-se de "Eu Matei Minha Mãe", tal entusiasmo se justifica: o roteiro foi escrito por ele aos 16 anos e Xavier Dolan apresenta uma trama madura e convincente. O protagonista é um jovem que começa a descobrir sua sexualidade tendo que conviver com sua mãe solteira, um tanto manipuladora e carente. À primeira vista, a rejeição do filho parece ser apenas aquela "vergonha" que os adolescentes têm dos pais, mas aqui o diretor cria um jogo inteligente e muito mais profundo: homossexual, a rejeição que o filho sente dessa mãe nasce da mágoa e culpa que geralmente enfrenta os gays ao se assumir e no filme, acaba se externando como um ódio inexplicável pela mãe. Em "Eu Matei Minha Mãe", o protagonista odeia as roupas, a ignorância e até a maneira que sua mãe come. Em contrapartida, a mãe não consegue compreender o filho e respeitar sua liberdade e espaço, e esse panorama cria um abismo entre os dois. O mérito de Dolan é conseguir contar essa história, tão simples em sua generalidade e tão complexa e dolorosa nas entrelinhas, numa paleta de cores que nos lembra o melhor de Almodóvar. É um drama maduro de um diretor seguro em sua função. É um drama maduro de um diretor seguro em sua função. Pena que seus filmes seguintes não foram agraciados com a mesma genialidade. "Amores Imaginários", de 2010, retrata o ímpeto sexual da juventude e é só "bom", onde Dolan parece copiar a si mesmo. Seu terceiro longa, Lawrence Anyways, de 2012, também selecionado para Cannes, não teve a mesma sorte que o seu debut: foi mal recebido e transformou Xavier Dolan em um cineasta superestimado e apenas acima da média. Apesar disso, "Eu Matei Minha Mãe" é um filme que deve ser visto.

Resenha escrita por Rafael Tavares.

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